Um texto que celebra a força, resiliência e fé das mulheres, inspirado na história bíblica de Rute.
Marilis Marchezini Pinto
Graduada em Teologia pelo Instituto Santo Tomás de Aquino – ISTA
Pós-graduada em Ensino Religioso Escolar
Pós-graduanda em Libras, Braile e Educação especial
Uma data para conscientizarmos sobre nossas relações, reconhecer e vencer os desafios que precisamos enfrentar. Assim como este livro da Bíblia me inspirou, hoje eu, Marilis, teóloga, trago para vocês, mulheres, esta mensagem de coragem, resiliência e fé.
Rute: Um Símbolo de Coragem e Perseverança
Rute era uma mulher moabita que, após a morte de seu marido, escolheu seguir sua sogra, Noemi, de volta à terra de Israel. Sua declaração de lealdade e fé é um dos momentos mais comoventes da Bíblia: “Aonde quer que fores, irei eu, e onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (Rute 1,16). Ela trabalhou arduamente nos campos de Booz para sustentar a si mesma e a Noemi, demonstrando determinação e uma notável ética de trabalho. Em uma terra estrangeira, Rute se mostrou forte e determinada a não ser vencida pelo sistema patriarcal de sua época, lutando com todas as suas forças para provar seu valor e proteger sua sogra. Não apenas se comprometeu com Noemi, mas também com o Deus de Israel. Por sua resiliência, contribuiu para o projeto divino, e assim Jesus, o Cristo, nasceu na linhagem de Davi, cumprindo a profecia: “Um ramo surgirá do tronco de Jessé, e das suas raízes brotará um renovo” (Is 11,1).
Atualmente, muitas de nós seguem o exemplo dessa mulher forte, conquistando seu espaço em profissões tradicionalmente dominadas por homens. O Dia Internacional da Mulher é uma oportunidade para celebrar essas conquistas e reconhecer as contribuições das mulheres em todos os setores. No entanto, também é um lembrete de que ainda há muito a ser feito para alcançar a igualdade de gênero. Ao ler o livro de Rute no Primeiro Testamento, as mulheres de hoje continuam a lutar por seus direitos e a criar um mundo mais justo e equitativo para todos.
A Igreja também reconhece a importância e as contribuições das mulheres na sociedade e em seus intramuros. Assim, a Igreja Católica pode reafirmar seu compromisso com a dignidade e os direitos das mulheres. A visão teológica católica, inspirada por figuras bíblicas como Rute, oferece uma reflexão profunda sobre o papel da mulher na fé e na vida cotidiana. Vê as mulheres como portadoras de uma dignidade única, criadas à imagem e semelhança de Deus. Essa história reflete vários aspectos dessa visão.
Sua fidelidade e fé nos mostram que as mulheres são chamadas a viver essas virtudes em suas próprias vidas, seja na família, no trabalho ou na comunidade. Sua lealdade a Noemi e sua fé em Deus são celebradas como virtudes exemplares. Sua coragem e resiliência ao enfrentar desafios significativos despertaram na Igreja o reconhecimento e a valorização da capacidade das mulheres de enfrentar adversidades com graça e força. Assim como ela enfrentou os desafios de seu tempo, muitas mulheres hoje rompem barreiras e fazem contribuições significativas em diversos campos sociais e ministeriais.
Mulheres como nós, teólogas, catequistas e ministras; professoras, enfermeiras; mulheres que estão na linha de frente das lutas por justiça social, defendendo os direitos dos oprimidos e promovendo a dignidade humana. Mulheres engenheiras e atuantes na área de TI; mulheres cientistas promovendo descobertas significativas para o bem-estar da sociedade; mulheres que ocupam cargos de liderança e trabalham lado a lado com os homens; mulheres que conduzem caminhões e ônibus na malha viária em todo o mundo.
Dentre outras, me toca citar Madre Teresa de Calcutá, missionária em prol dos pobres na Índia e fora dela; Marielle Franco, que defendia o feminismo e os direitos humanos; Zilda Arns, que dedicou sua vida ao combate da desnutrição, mortalidade e violência infantil; Irmã Dulce, que contribuiu para a criação do Hospital Santo Antônio na Bahia; e Greta Thunberg, nossa jovem ativista ambiental sueca. São mulheres fortes que nos impulsionam a lutar por um mundo melhor, com mais amor, saúde, paz e justiça, onde a desigualdade está implícita aos nossos olhos.
Toda impetuosidade feminina, resiliência, determinação e força se transformam em doçura e alento no seio materno. A mulher que, em seu ventre, gera vida; ama com intensidade; protege como uma fera sua prole; se encanta com o som da natureza, sem perder o foco em sua missão. Essas mulheres estão quebrando estereótipos e mostrando que competência e talento não têm gênero.
FELIZ DIA DA MULHER!
Nos campos de Booz, Rute trabalhou com suas servas, respigando e recolhendo feixes de trigo. Dessa forma, Rute garantiu, com trabalho justo e honesto, segurança e sobrevivência para si e para sua sogra (cf. Rt 2,1-23). Ao casar-se com Booz, Rute participa do cumprimento divino da linhagem de Jesus, pois dela nasceu Obed, que gerou Jessé, pai do Rei Davi (cf. Mt 1,1-16), de cuja linhagem, segundo a profecia, nasceria aquele sobre quem repousaria o Espírito de Iahweh (Is 11,1-2).