Carta do Ministro Geral a todos os Frades da Ordem
- OFM
- 10 de dezembro de 2024
1194-1253
Santa Clara é conhecida por ser a face feminina do franciscanismo. Nascida em 1194 (1193), na cidade de Assis, em uma família nobre e com grandes posses, Clara se viu diante de grandes questionamentos ao longo de sua juventude. Exemplos como o de seu pai que era conde e cavaleiro feudal, e seu tio – conhecido como um cavaleiro brutal e inescrupuloso – contrastavam-se com atitudes generosas e elevado grau de religiosidade, como o de sua mãe Hortolana.
Desde o seu nascimento, Clara passou por momentos de provação. A gravidez de sua mãe foi difícil desde o início e o seu parto, foi de grande risco. Mas a criança nasceu saudável e recebeu o nome de sua mãe, que dizia que a menina iria iluminar toda a humanidade. Clara – conhecida por sua beleza única chegou a ser prometida para um jovem da nobreza, mas antes que o matrimônio fosse consumado, fugiu a procura de São Francisco, do qual já ouvia as pregações.
Clara se consagra ao Senhor pelas mãos de São Francisco
Durante alguns anos, Clara já se dedicava às orações e meditação. Identificou-se sempre com os valores e lutas franciscanas pela paz, justiça e humildade. Durante um ano, Clara vai à Capela de Santa Maria dos Ajos ouvir a pregação de Francisco e conversa com ele. Às escondidas, acompanhada duma amiga, ela encontrava-se com ele e conversavam longamente sobre o tesouro do evangelho que Francisco havia encontrado. Depois de várias conversas e de muita oração, Clara tomou uma decisão: iria se juntar a Francisco e aos seus irmãos. Aos dezoito anos, na noite do Domingo de Ramos de 1212, Clara saiu a noite de casa, acompanhada de sua amiga e confidente, Filipa de Guelfuccio, e foi até a Porciúncula, onde Francisco outros frades e freiras de outros mosteiros a esperava. Na cerimônia de profissão de Fé de Clara, foi o próprio Francisco que cordou seus cabelos.
Sua família iniciou as buscas por Clara, mas foi em vão. Quando seu tio foi ao seu encontro, no mosteiro das beneditinas de São Paulo, Clara foi tão firme ao dizer que já tinha encontrado seu caminho, que a família parou de tentar dissuadí-la de sua vocação religiosa. O choque da família não se deu pela escolha religiosa de Clara, já que muitas jovens da nobreza iam para conventos naquela época. O problema era sua postura espiritual radical que, inspirada em Francisco, adotou os valores da pobreza total.
Nem a ira dos seus parentes, nem as lágrimas dos seus pais conseguiram fazê-la retroceder no seu propósito. Poucos dias depois, sua irmã, Inês, veio-lhe fazer companhia, cheia do mesmo ideal. Alguns anos após, a sua mãe, juntamente com sua terceira filha, Beatriz, seguiu Clara, indo morar com ela no conventinho de São Damião, que foi a primeira moradia das seguidoras de São Francisco.
A exigência espiritual de Clara e suas irmãs era o que a diferenciava das outras comunidades de freiras, o que fez com que Clara passasse boa parte de sua vida lutando para que o Papa aceitasse sua Regra. Em 1228, Gregório IX autorizou e confirmou a nova Ordem das Clarissas, que era conhecida inicialmente como a comunidade das “Damas pobres”.