“Nossa glória é a cruz, onde nos salvou Jesus”.
Frei Eduardo Vely de Mesquita, OFM
A cruz era um antigo instrumento de execução utilizada pelo exército romano. Muitas vezes ela é apontada como um dos piores instrumentos de tortura e associada como modo de intimidar possíveis transgressores da lei. Contudo, ela se torna instrumento de salvação para aqueles que creem no Evangelho e no nome de Jesus.
Paulo de Tarso escreve que a cruz é escândalo para os judeus e loucura para os gregos (1Cor 1,23), mas para nós, a cruz de Jesus é motivo de orgulho (Gl 6,14a). Por isso, a data de 14 de setembro marca o calendário da Igreja com a Festa da Exaltação da Santa Cruz. Esta festa tem origem nos primeiros séculos do cristianismo na cidade de Jerusalém e comemorava a dedicação das basílicas da Ressureição e do Santo Sepulcro em 13 de setembro (de 335). No dia seguinte (14 de setembro), se realizava uma solene celebração na qual se apresentava uma relíquia do Lenho da Crucifixão de Jesus para a veneração dos fieis; e por isso surge o nome da festa como “Exaltação da Santa Cruz.
Aos poucos, a festa da Exaltação da Santa Cruz passou a ser celebrada por todo o ocidente. No final do século VII, o papa Sérgio prescreve que ela seja também comemorada na diocese de Roma. Durante o período medieval, a espiritualidade e devoção a Santa Cruz se espalha por todo ocidente como forma de ressaltar a vida humana de Jesus.
Em seu despertar vocacional, Francisco de Assis passa a nutrir um enorme carinho pela espiritualidade da cruz. Afinal, foi pelo crucifixo de São Damião que Jesus lhe chama, com palavras doces, para restaurar a sua Igreja. Daí em diante, podemos dizer que Francisco se tornou um apaixonado pela cruz, pois ela era a prova do amor de Deus pelos seus filhos.
A cruz era para Francisco um sinal do despojamento total de Jesus. Era símbolo do esvaziamento e da entrega, sem reservas, que o Filho havia feito. Por isso, Francisco buscava se assemelhar a Jesus Crucificado a ponto de se fazer menor e despojado, pois ele estava crucificado para o mundo e o mundo para ele (Gl 6,14b).
Os autores franciscanos narram que Francisco buscou radicalmente assemelhar a sua vida à vida de Jesus, a ponto de assumir uma veste em forma de cruz e passar longas horas de oração diante do crucificado. Sua vida foi tal que mereceu receber de Jesus os estigmas da paixão. De fato, podemos dizer que Francisco era alguém que depositava na cruz a sua esperança e fazia dela o seu único motivo de gozo.
Do mesmo modo, os franciscanos buscaram seguir os passos do Fundador e nutriram, ao longo da história, uma devoção especial pela espiritualidade da cruz. Este fato foi bem traduzido em seu legado artístico e espiritual.
Quando os missionários franciscanos vindos da Holanda aportaram no Brasil, trouxeram consigo esta espiritualidade da cruz. Nas terras mineiras, a missão franciscana frutificou e gerou sementes de novas vocações ao ponto de se buscar uma gradual independência da Província mãe da Holanda e fundarem a Província mineira, que mais tarde recebeu, tão carinhosamente, o nome de Província Santa Cruz.
Hoje nós somos continuadores e devedores de uma espiritualidade que atravessou séculos e só chegou a nós por que foi encarnada por homens e mulheres que depositaram suas vidas nos braços da Santa Cruz.
Nesta ocasião, elevamos nosso louvor a Deus por tantos frades que já fizeram e fazem parte da Província Santa Cruz, os lugares onde estamos e estivemos, as diversas frentes evangelizadoras às quais nos dedicamos. Como tradicionalmente cantamos, dizemos com toda fé: “Nossa glória é a cruz, onde nos salvou Jesus”.
No dia 14 de setembro (quinta-feira) às 19h acontecerá na Paróquia São Francisco das Chagas a celebração da solenidade da Exaltação da Santa Cruz.
Confira o convite abaixo: