22 de abril – Dia Mundial do Planeta Terra

22 de abril – Dia Mundial do Planeta Terra

Cuidar do planeta é um ato de fé.

Frei Danilo Nunes Soares, OFM

O Dia Mundial do Planeta Terra representa a luta em defesa do meio ambiente e, por conseguinte, do cuidado com a vida em suas diversas manifestações. A Terra possui uma rica biodiversidade; no entanto, ela vem sendo vítima de constantes agressões: a vida clama por socorro. Portanto, neste dia 22 de abril, somos chamados a refletir sobre o valor intrínseco do Planeta — de nossa Mãe Terra, de nossa Casa Comum — e a desenvolver uma consciência ambiental.

Vivemos em uma sociedade capitalista, consumista e extrativista. O resultado é alarmante: estamos destruindo a nossa Casa e, pior ainda, estamos roubando o futuro das próximas gerações. O individualismo e a cultura do descarte têm matado a nossa humanidade; o desejo de poder tem gerado pessoas frias, e a centralidade do capital tem nos impedido, de enxergar o outro — os animais, as plantas, a água… e até mesmo o ser humano.

O egoísmo humano torna-se veneno para a vida. A ganância, poeira nos olhos, nos impede de contemplar e sentir a beleza da existência. O ativismo desenfreado transforma-se em cárcere: as pessoas têm passado tanto tempo ocupadas em ter que já não têm tempo para ser — para si mesmas, para a família, para os amigos, para Deus. Estamos vivendo uma profunda crise humana e, por conseguinte, uma crise socioambiental.

O Papa Francisco, em sua encíclica Laudato Si’, recorda que “tudo está interligado”. Não há como separar o grito da Terra do grito dos pobres. A crise ambiental é também crise social. As maiores vítimas da destruição ambiental são justamente as populações mais vulneráveis: os povos originários expulsos de suas terras, os moradores das periferias vítimas de enchentes e desmoronamento de terra, os trabalhadores explorados por sistemas que priorizam o lucro em detrimento da dignidade humana. O meio ambiente não é um luxo para poucos, mas condição básica para todos viverem com dignidade.

Neste contexto, São Francisco de Assis se apresenta como uma luz inspiradora. Nosso Pai Seráfico enxergava em cada criatura um irmão, uma irmã. Chamava o sol de irmão Sol e a lua de irmã Lua, cantava com os pássaros, dialogava com o vento, e até com a morte manteve uma relação de respeito e acolhida. Para ele, toda a criação era sinal da bondade de Deus. E por isso a respeitava, a cuidava, a contemplava. O seu exemplo nos convida a reencontrar o caminho da simplicidade, da fraternidade e da comunhão com todas as coisas.

Ser cristão hoje é ser guardião da criação. É testemunhar o Evangelho não apenas com palavras, mas com a nossa vida: no consumo consciente, na opção pelos pobres, na defesa da justiça social, na luta por políticas públicas que protejam o meio ambiente e promovam a dignidade de todos. É preciso passar da indiferença ao cuidado, da exploração à comunhão, da dominação à contemplação.

Cuidar do planeta é um ato de fé. Amar a Terra é amar o Deus que a criou. Proteger a biodiversidade é proteger o sopro da vida que o Criador derramou em tudo o que existe. Promover justiça socioambiental é construir aqui e agora os sinais do Reino de Deus, onde ninguém é excluído e tudo vive em harmonia.

Neste 22 de abril, que o grito da Terra e o grito dos pobres nos despertem. Que sejamos, como São Francisco, irmãos de todas as criaturas. Que a nossa fé se transforme em cuidado, compromisso e esperança. Porque ainda há tempo. Porque ainda há vida. E porque onde há vida, há esperança.

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