Dez milagres e sua relação com a missão no Evangelho de Mateus  (Mt 8,1-10,4) – À espera de milagres em nossos dias!

Dez milagres e sua relação com a missão no Evangelho de Mateus  (Mt 8,1-10,4) –  À espera de milagres em nossos dias!

À espera de milagres em nossos dias!

Frei Jacir de Freitas Faria [1]

À espera de um milagre foi um notável filme do final da década de 1990, no qual é narrado o drama de um prisioneiro negro que mata duas crianças brancas nos idos de 1935, em Louisiana (USA). O chefe da prisão, estrelado por Tom Hanks, vive um conflito moral. Ele tem que executar a sentença de morte do prisioneiro – protagonizado pelo saudoso Michael Ducan –, que se revela dotado de um dom, o de fazer milagres. O filme termina com ele na cadeira elétrica, morrendo sob os olhares irados de seus acusadores em contraposição ao olhar misericordioso do chefe da prisão, que não foi capaz de realizar o milagre de libertação de um homem acusado injustamente.

À espera de um milagre ainda permanece vivo no imaginário de muitas pessoas. E se Jesus voltasse? E se eu ganhasse sozinho na Mega Sena? Há quem deseja que um milagre aconteça em sua vida, algo extraordinário que modifique o seu destino. O que é isso: milagre? Ele ainda acontece em nossos dias? Não foi somente Jesus que realizou milagres? Que relação existe entre um milagre e a ciência? Como Deus age em um milagre realizado por Jesus? Qual é a relação dos milagres realizados por Jesus com o reino de Deus e a missão dos apóstolos e a nossa? Como os contemporâneos de Jesus entendiam o milagre? Como nós entendemos um milagre?

Tendo como ponto de partida Mt 8,1-11,1, vamos analisar os dez milagres realizados por Jesus e compreender a sua relação com o envio dos discípulos para o serviço do reino dos Céus.  

O cristianismo apresentado pela comunidade de Mateus é o da face de Jesus judeu, Messias esperado pelos seus compatriotas. O autor tenta convencer os seus leitores de que Jesus é o Messias. Ele organiza seu evangelho em cinco discursos para recordar a Torá e seus cinco livros. Não por menos, escolhe dez milagres realizados por Jesus, assim como os dez mandamentos da Lei judaica.

Significado de milagre

Milagre – forma literária específica que demonstra o lado divino e messiânico da pessoa de Jesus no anúncio do Reino de Deus – não é propriedade exclusiva do Segundo Testamento. Ele provém do mundo helenístico, sendo adotado pelo judaísmo e cristianismo, sobretudo.

No Primeiro Testamento, por vezes é dito que Deus age por meio de prodígios (milagres) em favor do seu povo. A memória da libertação do Egito é descrita nos Salmos e profetas como um grande milagre. Fatos extraordinários e curas também não faltam no Primeiro Testamento.

No Segundo Testamento, o milagre ocupa o lugar das lendas proféticas do Primeiro. Em Atos dos Apóstolos, são os discípulos que realizam milagres em nome de Jesus[2]. Notório também é o fato de os milagres de Elias serem repetidos por Eliseu e, posteriormente, por Jesus.

Exemplos de milagres na Bíblia:

  1. Js 10, 12-14: Josué intervém e pede a Deus que pare o Sol, em Gabaão, e a Lua, no vale de Ayalon, o que, de fato, ocorre;
  2. Jz 6, 36-40: a lã de Gedeão permanece seca debaixo do sereno;
  3. 1 Sm 1: Ana, a estéril, concebe Samuel, aquele que se tornaria profeta e último dos juízes;
  4. 1 Rs 17, 17-24: o profeta Elias ressuscita o filho de uma viúva;
  5. 2 Rs 5, 1-20: o profeta Eliseu cura a lepra de Naamã, chefe do exército do rei de Aram;
  6. Dn 3: três jovens e devotos judeus, após serem acusados de não adorar a estátua de ouro erigida pelo rei da Babilônia, Nabucodonosor, são jogados em uma fornalha e salvos sem se queimar; 
  7. Mc 1, 23-27: Jesus expulsa um espírito mau;
  8. Mc 1, 29-31: Jesus cura a sogra de Pedro de uma febre;
  9. Mc 3, 1-6: Jesus cura um homem cuja mão estava paralisada;
  10.  Mc 5, 1-20: em Gerasa, Jesus expulsa o demônio de um homem que vivia em sepulcros;
  11.  Mt 8, 1-4: Jesus cura um leproso;
  12.  Mt 8,5-11: Jesus cura o servo de um centurião;
  13.  Mt 8, 12-14-15: Jesus cura a sogra de Pedro;
  14.  Mt 8, 16-17: Jesus expulsa espíritos e cura enfermos;
  15.  M 8, 23-27: Jesus acalma a tempestade;
  16.  Mt 8,28-34: Jesus expulsa espíritos de dois endemoninhados e os coloca em uma manada de porcos, em Gerasa;
  17.  Mt 9, 1-8: Jesus cura um paralítico;
  18.  Mt 9, 18-26: Jesus cura uma hemorroíssa e ressuscita a filha de um chefe;
  19.  Mt 9, 27-31: Jesus cura dois cegos;
  20.  Mt 9, 32-34: Jesus expulsa o demônio de um endemoninhado mudo;
  21. Mt 14, 13-21: Jesus multiplica cinco pães e dois peixes, modificando a natureza dessas substâncias;
  22.  Lc 8, 22-25: Jesus acalma a natureza, diante de uma tempestade que caíra sobre ele e os discípulos, quando estavam em um barco;
  23.  Lc 8, 49-56: Jesus ressuscita a filha de Jairo, chefe da sinagoga;
  24.  Lc 17, 11-19: Jesus cura dez leprosos;
  25.  Jo 2, 1-11: Jesus intervém na natureza, mudando água em vinho;
  26.  Jo 11, 38-44: Jesus ressuscita seu amigo Lázaro, em Betânia;
  27.  At 5, 12-16: os apóstolos curam enfermos e endemoninhados;
  28.  At 9, 36-43: Pedro ressuscita a jovem Tabita[3].

Os exemplos de milagres apresentados demonstram que Deus intervém na natureza, mudando o seu curso natural: Ele para o Sol, não deixa o fogo queimar pessoas que estão em contato com ele e permite que a estéril conceba. Jesus, por ser Deus, também muda a natureza de substâncias e elementos: multiplica pães, transforma água em vinho, acalma o mar bravio, bem como ressuscita pessoas, cura enfermidades, expulsa demônios. Os apóstolos, por serem discípulos de Jesus, recebem dele o poder miraculoso de curar, ressuscitar e expulsar demônios, assim como fizeram já os profetas da Primeira Aliança: Elias e Eliseu.

Diante desses acontecimentos, somos instigados a retomar a nossa definição de milagre – vocábulo latino miraculu –, do qual provêm os verbos admirar e maravilhar-se. Quem, no mundo antigo, não se maravilharia diante de tais acontecimentos? Mas hoje, isso ainda é possível? A ciência evoluiu tanto que ela também cura, prevê mudanças no curso dos acontecimentos, explicando a origem de muitos males. Levando em consideração essas afirmações, hoje não ocorrem mais milagres. O xis da questão, no entanto, consiste em entender qual é o significado do milagre para o mundo antigo e para nós, os modernos.

Na antiguidade e até a Idade Média, o universo era compreendido em três estágios, a Terra apoiada por colunas estabelecidas sobre as águas inferiores e águas superiores. Nas águas superiores viviam os deuses e seres celestes. Nas inferiores, viviam, por outro lado, os poderes diabólicos e os mortos em uma mansão, chamada de hades ou xeol. [4]

Os poderes bons de Deus e os maus espíritos sempre interferiam na vida humana. Isso era considerado normal por todos. Deus e deuses podiam intervir quando se julgassem necessários. Para o israelita, essa visão foi mudando. Antes de o povo de Israel passar a ter uma relação privilegiada com Deus-Javé na sua história, a relação com o sagrado se dava por meio da natureza, a qual era vista como uma constante ameaça. Não alcançando o domínio da natureza, o ser humano via-se no meio de uma angústia existencial. Para se proteger, vivia seguindo os ciclos da natureza, ora divinizando-a, ora cultuando os deuses bons, a fim de que eles pudessem manter a ordem e a vida humana. Nesse sentido, não somente em Israel, surgem vários mitos da criação.  O deus bom vence as forças caóticas e impõe a ordem e o ritmo da criação.

Diante do acima exposto, podemos compreender a diferença fundamental entre milagre para nós hoje e os antigos. Milagre na antiguidade consistia na experiência do divino. “Havia um acontecimento em que oelemento divino se manifestava mais fortemente do que em outros, e onde o ponto de vista da normalidade e da excepcionalidade podiam desempenhar certo papel, mas este ponto de vista não era o único elemento decisivo. Para classificar algum fato como milagre não se tratava, em primeira linha, de determinar o seu caráter extraordinário, e nem mesmo o grau exato do que seria possível ou impossível em termos humanos, mas sim de sentir a presença e a ação da divindade e de seus poderes muito mais intensamente do que em outras ocasiões”. [5]

Em outras palavras, o caráter excepcional e a ação de Deus constituem a evidência de um milagre. No entanto, para nós, pesa muito mais a excepcionalidade, o extraordinário ocorrido em determinado fato e, não necessariamente, a ação de Deus. Para os antigos, Deus intervir na natureza era normal. Para os modernos, toda a ação da natureza é previsível e controlável. Para os antigos, a presença e a manifestação da divindade em acontecimento é o que caracteriza um milagre. Vamos compreender melhor tudo isso, quando analisarmos os milagres de Jesus. Ele, que não se dizia Deus, mas não cansava de admoestar: “Ide contar a João o que estais vendo e ouvindo: os cegos recuperam a vista, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres é anunciado o Evangelho” (Lc 7,22); “Vai mostrar-te ao sacerdote” (Mt 8,4).

Os milagres realizados por Jesus são sinais visíveis da ação e da experiência de Deus na vida daqueles que estavam próximos dele. Isso é um milagre! O extraordinário é consequência e não o mais importante. Já os milagres do Primeiro Testamento e sua relação com os do Segundo só podem ser compreendidos a partir de uma diferença fundamental: em Jesus, Deus realiza de forma plena e definitiva a sua ação salvífica em favor do ser humano. A ressurreição e glorificação de Cristo é a resposta irrevogável e definitiva de Deus. A consumação do ser humano e da sua história já se realizou, germinalmente, em Cristo, e a vitória definitiva sobre todas as forças que ameaçavam a vida, vitória da qual a ação de Jesus foi sinal, já aconteceu [6]. Desse modo, essa visão do Segundo Testamento acrescenta um elemento novo ao sentido do milagre: Deus age na história e realiza definitivamente a salvação em Jesus, já que no mundo antigo, como vimos, o milagre se pautava pela ação do divino.

Os dez milagres em Mt 8,1-11,1

Os relatos de milagres nos evangelhos podem ser separados em quatro grupos: cura, exorcismos, ressurreições e intervenções na natureza.[7] Com o evangelho da comunidade de Mateus não é diferente.

O esquema utilizado na narrativa de um milagre é:

1- introdução, descrevendo o ambiente do encontro;

2- o problema e os esforços para superá-lo;

3- a súplica do pedinte;

4- a intervenção de Jesus;

5- o efeito produzido;

6- a reação do povo e daquele que recebeu o milagre.

Jesus tinha consciência de sua ação milagreira. O discurso da missão (capítulo 10) é precedido por dez milagres, os quais podem ser divididos nas quatro formas apresentadas. Todos eles são sinais que confirmam a palavra de Jesus e a dos apóstolos escolhidos para a missão evangelizadora. 

Milagres de cura

Os milagres de cura em Mt 8-9 referem-se a leproso, ao servo de um centurião romano – um estrangeiro –, à sogra de Pedro, a enfermos, ao paralítico de Cafarnaum, a uma hemorroíssa e a dois cegos.

A doença era vista no tempo de Jesus como abandono de Deus. Era consenso de que o doente estava sem a bênção de Deus e, por conseguinte, excluído do povo eleito. O surdo e o mudo não podiam ouvir e nem proclamar a Toráh (Lei), os leprosos eram literalmente excluídos do convívio social. A medicina, com seus parcos recursos, era coisa para poucos. O povo recorria a curandeiros, magos, exorcistas ou homens santos. Quem tinha possibilidade financeira poderia recorrer aos médicos gregos ou se dirigir aos templos famosos de Esculápio, deus da medicina, ou a santuários de Ísis e Serápis, divindades curadoras, e até mesmo banhar-se em fontes sagradas consideradas terapêuticas. Os conterrâneos de Jesus, por viverem em aldeias longe das cidades e em situações de pobreza, não tinham acesso a esses recursos. [8] Jesus faz curas nesse contexto.

O milagre tem relação estreita com a fé. Jesus não cura para a pessoa passar a ter fé, mas ela já chega com fé declarada em seu poder divino. Jesus não cura para demonstrar o seu poder, mas para readmitir o curado na sociedade, que passa a poder servir, levar a própria cama, andar, falar e até ir ao sacerdote para lhe contar o ocorrido e agir conforme a lei previa em caso de cura. Com isso, Jesus garantia a reintegração da pessoa na sociedade. Nisso está o milagre da cura.

Mt 8,1-4: cura de leproso que desafia Jesus

Jesus desce da montanha e se encontra com um leproso. Este se dirige a Jesus, afirmando que Ele poderia curá-lo se quisesse. Jesus responde que quer e o cura, mas lhe pede que não diga nada a ninguém e que procure o sacerdote para fazer a sua oferta, o que lhe servirá como prova.

A partir daquele momento, o doente deixava de sê-lo e voltava a fazer parte da sociedade. É o fim de uma exclusão social. Jesus desce da montanha, o lugar do encontro com Deus, e caminha em direção à cidade de Cafarnaum, onde estão os puros. 

O doente sabia que podia procurar ajuda em Deus. Ele reconhece Deus em Jesus e, por isso, afirma que Ele pode curá-lo. E Jesus lhe impõe as mãos, isto é, tem um contato curativo com o doente, a partir do qual é transmitida a força divina. Jesus é visto como o grande médico das almas e dos corpos, aquele que foi enviado por Deus para salvar a todos.

A doença, nessa passagem, é chamada de lepra, que poderia ser qualquer doença de pele. Atualmente se usa o termo hanseníase, por não ser tão estigmatizado como lepra e leproso. A hanseníase é uma doença transmissível, causada por uma bactéria chamada de mycobacterium leprae, daí também o nome lepra. O nome hanseníase foi dado em homenagem ao descobridor da bactéria, Gerhard Hansen. Ela já era conhecida muito antes de Jesus. O livro do Levítico dedica dois capítulos à lepra, o treze e o quatorze, mostrando as incidências sobre o seu portador e a comunidade de Israel. Sem conhecer bem a origem da doença, esta era identificada como impureza e o seu portador, como impuro, e, por esse motivo, deveria ser afastado da vida social. O leproso deveria usar vestes rasgadas, ter cabelos desgrenhados, ter o bigode coberto e clamar: Impuro! Impuro! Enquanto estivesse com a doença, era obrigado a morar em lugar separado, conviver com outros impuros, como os samaritanos, mas não com os puros da cidade. Daí que o homem disse a Jesus que Ele poderia purificá-lo. Essa orientação motivou a segregação de hansenianos nos chamados leprosários. A lepra era um castigo dado por Deus (2Cr 26, 16-23). Quando alguém era curado de lepra, ele teria que se apresentar ao sacerdote (Lv 14). Os parentes do leproso deveriam chorar por ele, pois a lepra era considerada um castigo de Deus. Jesus, sabedor dessa lei, pedia ao curado que se mostrasse ao sacerdote.

 O Brasil é o segundo país no mundo com maior incidência de hanseníase. Em países desenvolvidos, essa doença já foi erradicada. O governo brasileiro se limita a possibilitar o diagnóstico e tratamento gratuito, mas não a sua erradicação. No entanto, há grupos que trabalham com esse objetivo. A população precisa ser conscientizada da importância do diagnóstico precoce para lograr a cura. Outro grande desafio é o do preconceito.

Mt 8,5-13: cura do servo de um centurião que tinha fé

O segundo milagre de Jesus é o do servo de um centurião que jazia paralítico e com dores atrozes na cidade de Cafarnaum. A pedido do centurião, Jesus decide ir curá-lo, mas esse lhe diz ser indigno de recebê-lo em sua casa, e que bastava uma só palavra de Jesus e o seu servo estaria curado. Jesus se maravilha diante da fé do estrangeiro. ‘Em Israel, não achei ninguém que tivesse tal fé’, exclamou Jesus. E ele continua dizendo que o reino será tirado dos legítimos herdeiros das promessas, os judeus, e dado aos gentios de fé. Depois disso, Ele cura o servo do centurião por meio da palavra.

Assim como o leproso, o centurião representa mais um excluído do projeto do reino. No entanto, a sua inclusão se dá pela fé. Ele passa a fazer parte das promessas abraâmicas. A questão aqui não reside no fato extraordinário da cura do servo (milagre), como vimos anteriormente, mas a manifestação do divino que muda o curso dos fatos: um estrangeiro é acolhido no reino dos céus por meio da fé. O mistério de Deus revelado em Jesus ultrapassa fronteiras.

A palavra do centurião em relação aos seus súditos, que se baseava no poder do império romano, se contrapõe ao poder da palavra de Jesus que tem sua origem em Deus e não no imperador. [9]        

A igreja conservou as palavras do centurião romano na missa, quando o fiel reza antes de receber a comunhão: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e eu serei salvo”.

Mt 8,14-15: cura da sogra de Pedro e discípula de Jesus

O terceiro milagre de Jesus é também de cura. Em Cafarnaum, ele entra na casa de Pedro e vê a sua sogra acamada e com febre. Jesus toma-a pela mão e a febre a deixa. Ela se levanta e começa a servi-los. Ali, Ele também cura outros enfermos.

A sogra que não tem nome se levanta, isto é, ressuscita – o verbo usado é o mesmo para ressurreição – e começa a servir Jesus. A saúde é uma condição para servir o reino inaugurado por Jesus. Salvação e ressurreição caminham juntas. O importante não é a sogra, mas a sua ligação com Pedro, isto é, ela pertence à comunidade dos discípulos de Jesus que levam adiante o reino.

 Mt 9,1-8: um paralítico de fé é perdoado e curado

O quarto milagre de cura ocorre também em Cafarnaum, considerada a ‘cidade de Jesus’. Um paralítico de fé que estava deitado em uma cama. Jesus perdoa seus pecados. Os escribas, vendo o ocorrido, afirmam que ele está blasfemando. Jesus os reprova e diz ao paralítico para levantar-se, pegar a sua cama e ir para a sua casa. Diante do milagre, as multidões ficam com medo e louvam a Deus pelo poder dado aos homens.

Fé, cura e perdão dos pecados constituem esse milagre, isto é, essa intervenção de Deus na história humana. Ainda mais, Deus concede aos ‘homens’, por meio de Jesus – o Filho do Homem –, o poder de perdoar pecados. A nova comunidade, a Igreja nascente, sai fortalecida nesse episódio. [10]     

O paralítico, agora, limpo por dentro e por fora, não tem mais motivo para ficar imobilizado e ser servido, pode levantar-se (ressuscitar) e caminhar. Tudo isto foi motivo de espanto para as multidões. No entanto, há de se considerar que o foco não é o paralítico, mas a presença do sagrado nesse episódio. 

Mt 9,20-22;2-31: cura de uma hemorroíssa e de dois cegos, dois toques que salvam

O quinto e sexto milagres de cura são de uma mulher que sofria de um fluxo de sangue há doze anos. Ela simplesmente toca por trás a orla da veste de Jesus e é curada. Jesus, percebendo o fato, afirma que ela foi curada pela fé. Ainda caminhando, dois cegos seguem a Jesus, gritando que Ele era o ‘Filho de Davi’ e que poderia ter compaixão deles. Jesus para e pergunta se eles acreditam que Ele poderia curá-los.  “Sim, Senhor”, responderam os cegos. Jesus, então, toca-lhes os olhos e diz: “Seja feito segundo a vossa fé”. Enxergando, eles saíram dali e começaram a espalhar o fato para toda a região, embora Jesus os tivesse admoestado que nada dissessem a ninguém.

A mulher que não tem nome é chamada simplesmente de hemorroíssa, isto é, aquela que tinha um fluxo de sangue há doze anos. Ela é identificada com a sua exclusão. Trata-se de uma doença que colocava a mulher em situação de impureza. Ela não podia tocar ninguém, bem como todo o lugar onde tocasse também ficava impuro. “O sangue era sinal de vida, mas o da menstruação, de morte. A menstruação da mulher, no judaísmo, era o sinal evidente de sua impureza. Por isso, a mulher tinha muitos filhos para não se sentir impura. A perda de sangue estava ligada à morte, fonte de impureza sacerdotal. Sangue menstrual era o sangue da morte.” [11] A hemorroíssa tinha consciência de tudo isso, mas ousa tocar o ‘homem puro e sagrado’, Jesus. O seu toque é percebido imediatamente por Jesus e, mais uma vez, a fé é a causa da cura, do milagre que inclui novamente no povo eleito.

Já os cegos não veem Jesus passar, como a hemorroíssa, mas sentem que estavam diante do ‘Filho de Davi’, isto é, o Messias esperado, que poderia curá-los, pois tinham fé nele. Neste episódio, contrário ao da hemorroíssa, é Jesus que toca os olhos dos cegos. E eles, dois cegos – dois significa que o testemunho é verdadeiro –, veem. Ver no Segundo Testamento é sinal de crer. Já no Primeiro Testamento, o crer está ligado ao Shemá, verbo hebraico que em português significa ouvir, escutar, interpretar. O Shemá estava no coração de cada judeu. Quem, ainda hoje, já não ouviu ou cantou as palavras de Dt 6,4: “Escuta (Shemá), ó Israel! O Senhor nosso Deus, o Senhor é Um.” “Esse versículo constitui a profissão de fé israelita. Todo israelita deve recitá-lo, conforme se acha escrito no ritual, todos os dias, pela manhã e à noite. As primeiras palavras que uma criança deve aprender a pronunciar são: Shemá Israel … e as últimas palavras que pronuncia um israelita morrendo são: Hashem Elohénu, Hashem Ehad (O Eterno é nosso Deus, o Eterno é um)”. [12] O dois cegos professavam essa fé, mas também queriam ver o Filho de Davi. Eles já creram e foram curados. Com os olhos abertos e enxergando, eles deram testemunho do Messias e da sua boa nova do reino. Eles foram reintegrados no povo de Israel, pois podiam estudar a Toráh (Lei). Este foi o milagre acontecido. Jesus faz ver pela fé. Os cristãos viam os milagres de Jesus e acreditavam que Ele era o Filho de Deus. Os judeus interpretavam para crer. 

Milagre de intervenção na natureza

Em Mt 8,1-11,1, somente um milagre em relação à natureza é contado, o da tempestade acalmada. 

Mt 8,23-27: tempestade acalmada e a fé

O sétimo milagre de Jesus está relacionado com a intervenção na natureza (8, 23-27).  Jesus entra em um barco com os discípulos e, enquanto Ele dormia, o mar ficou revolto. Os discípulos, apavorados, acordaram Jesus e lhe imploraram a salvação, pois estavam perecendo. Jesus afirma que eles têm medo, pois são fracos na fé. Jesus, de pé, conjura os ventos e o mar. A bonança volta a reinar. Os discípulos se perguntam pelo poder de Jesus, uma vez que até os ventos e o mar lhe obedecem.

O contexto é o mar, lugar de pavor e medo. Os antigos, como não tinham domínio sobre o mar, pensavam que é dele que vinha o Leviatã, a força do mal. Por isso, Jesus trava uma luta de poder com essa força representada pelo mar. De pé, isto é, com o poder de ressuscitado, Jesus conjura os ventos e o mar e esses lhe obedecem. Nisso está o milagre: Deus, que criou o mar, tem poder sobre ele. Jesus age como Deus salvador, atendendo ao pedido dos discípulos.

No mar da vida, encontramos muitas dificuldades. Sem fé podemos afundar, mas quem crê está salvo. O barco é a comunidade que sofre tormentos de todos os lados, mas que precisa ter fé. Desta comunidade fazem parte os discípulos que entram no barco com Jesus e os ‘homens’ (v.27) – seres humanos –, que ficam espantados com a atitude de Jesus.

Milagre de ressureição

O único milagre de ressurreição nesta seção de 8,1- 11,3 é o da filha de um chefe da sinagoga.

Mt 9,18-26: ressurreição da filha de um chefe da sinagoga

O oitavo milagre de Jesus é o da filha de um chefe da sinagoga, chamado de Jairo em Mc 5, 22, o qual se prostra aos pés de Jesus e lhe pede que imponha a mão sobre a filha que acabara de morrer, de modo que ela pudesse voltar a viver. Jesus o acompanha até à sua casa. Os ritos fúnebres já estavam sendo realizados. Jesus pede que todos saiam e afirma que a menina estava dormindo e não morta. Jesus entrou na casa e tomou a menina pela mão e ela se levantou. E a notícia se espalhou por toda a região.

Mais uma vez, a fé é o fator preponderante para a realização do milagre. Para quem tem fé, a morte é apenas um sono.[13] Quem adere ao projeto de Jesus não está morto, mas sempre de pé e caminhando.

Milagres de exorcismo

Em Mt 8, 1–11,3, Jesus realiza, três vezes, exorcismo em favor das pessoas sofridas que eram atormentadas por espíritos e viviam isoladas da sociedade.

Mt 8,28-33; 9, 32-34: dois endemoninhados da cidade de Gadara e um endemoninhado mudo

O nono e o décimo milagres de Jesus se referem ao exorcismo ou ao milagre da expulsão de demônios. Jesus estava na cidade de Gadara. Vieram ao seu encontro dois endemoninhados que saíam dos túmulos. Eles reconhecem Jesus e seu poder de expulsar os demônios. Esses homens diziam: “Que queres de nós, Filho de Deus? Vieste nos atormentar antes do tempo?” E pediram a Jesus, caso Ele fosse expulsá-los, que os colocassem na manada de porcos. E assim Jesus procedeu. Os porcos se jogaram de um precipício no mar e morreram afogados. Aqueles que apascentavam os porcos fugiram e contaram tudo aos seus compatriotas. A cidade inteira veio ao encontro de Jesus e exigiu que ele deixasse o território.

Em outra ocasião, trouxeram a Jesus um endemoninhado mudo. Jesus expulsou o demônio e ele voltou a falar. A multidão que presenciou o fato se pôs a dizer: “Nunca se viu coisa semelhante em Israel”. Já os fariseus afirmaram que ele fazia isso por meio do príncipe dos demônios.

Nos dois episódios, há alguns detalhes importantes: a multidão que não acredita e pede para Jesus sair do seu país está em contraposição à multidão que reconhece que em Israel nunca havia acontecido coisa semelhante; dois endemoninhados que reconhecem com a palavra que Jesus é o Filho de Deus, e outro que era mudo; Gadara ficava cerca de nove quilômetros do mar da Galileia, logo era quase impossível os porcos fazer uma corrida tão longa; os porcos representam a impureza para os judeus e o mar, o lugar do mal. Assim, faz sentido os porcos terem se precipitado no mar. Impuro procura o lugar dos impuros. Havia também o costume de identificar o império com o porco, por serem ambos impuros. Porcos – império romano –, morrendo no mar era o que a resistência judaica esperava que acontecesse com os opressores.[14] 

Os dois demônios de Gadara sabiam que eles seriam julgados no fim dos tempos, mas reconhecem que, com a presença do Filho de Deus na Terra, isso iria acontecer naquele momento. O exorcismo de Jesus antecipa a vitória final.

Os endemoninhados viviam no completo abandono da sociedade. Os dois de Gadara viviam nos túmulos, onde estão os mortos, longe da vida. O milagre do exorcismo não reside no extraordinário da expulsão do espírito mal, mas no da reaproximação dos desprezados da sociedade, chamados de endemoninhados, para o convívio e a participação no reino pregado por Jesus. No caso, os espíritos que estavam neles saíram e foram para o mar, de onde nunca deveriam ter saído. Desse modo, essas duas pessoas voltaram a viver na sociedade. Já o endemoninhado mudo volta a ter o direito de opinar, de poder falar.

Jesus se parece com os exorcistas de seu tempo. No entanto, Ele tinha, em relação a eles, uma diferença essencial: não fazia uso de objetos, amuletos e nem invocava uma divindade para expulsar demônios. A força de sua palavra e sua presença expulsavam os demônios. Jesus destrói a identidade demoníaca da pessoa e reconstrói nela uma nova identidade, transmitindo-lhe a força que cura. [15] Nisso reside o milagre da expulsão de “demônios”.

Os milagres realizados por Jesus serviram para sustentar o envio dos discípulos em missão. A comunidade de Mateus, após os relatos dos dez milagres, enumerou os nomes dos doze apóstolos escolhidos por Jesus (10, 2-4) com as recomendações que Ele lhes havia dado.    

Conclusão

A autoridade de Jesus, confirmada pelos vários tipos de milagres realizados por Ele, é repassada para os discípulos, os quais recebem esse mesmo poder do mestre.

Os milagres no evangelho de Mateus, bem como no mundo antigo, devem ser entendidos no seu contexto e não como queremos que eles sejam interpretados. Não se trata simplesmente de um fato extraordinário, mas da ação de Deus que modifica a realidade. O foco está em Deus e não no milagre em si.

Jesus tinha consciência da importância de expulsar espíritos, curar enfermos, intervir na natureza e ressuscitar mortos. Esses milagres demonstravam a sua identidade de Filho de Deus com poder recebido do Pai para anunciar o reino, que exclui o sofrimento e a desgraça como condição de vida estabelecida, e propõe a misericórdia como caminho para a vitória final. As curas realizadas por Jesus são sinal de misericórdia, acolhimento e, não necessariamente, expressão de seu poder. Jesus não fazia milagres a bel prazer, mas somente quando alguém de fé solicitava a sua intervenção.     

A missão evangelizadora proposta por Jesus continua como desafio para nós cristãos. O Papa Francisco, incansavelmente, conclamou a saída da Igreja da sacristia, isto é, ir para as ruas. Deixar de lado a ostentação, a badalação e ir ao encontro do pobre e do sofredor. Aliviar o sofrimento é anunciar que o reino já chegou. Jesus sabia que não seria capaz de aliviar todo o sofrimento humano, mas Ele tinha consciência de que a sua ação libertadora transforma as pessoas e inaugura o reino. E esse é o papel do missionário e do significado real do milagre.  

Num passado longínquo, a igreja católica enviou missionários além-mar para levar a fé e a salvação anunciada por Jesus. O nosso país é fruto dessa intrépida ação que chegou às terras brasileiras com a cruz e a espada. Com o evangelho a bordo, o que desembarcava mesmo era a cultura cristã europeia. Por outro lado, é difícil desvencilhar uma da outra.

Aos nativos restava uma única opção: aceitar ou aceitar a fé e a cultura dos missionários. Quando os nossos indígenas já estavam massacrados, os negros foram trazidos da África para serem domesticados na fé do novo mundo. O princípio missionário, a gasolina que movia os evangelizadores, era a certeza de que a semente do Verbo não estava presente nas culturas dominadas.

Em nossos dias, esse modo de evangelizar não é mais compatível. É consenso que toda cultura tem que ser valorizada. Além disso, evangelização é via de mão dupla. Toda comunidade e pessoas são missionárias, no sentido de anunciar o evangelho, sem mesmo nunca terem saído de suas cidades, assumindo atitudes missionárias em seu próprio ambiente geográfico, por meio da pregação e da vivência dos ensinamentos de Jesus. Continua o desafio de evangelizar no além-mar, mas de modo diferente.

A missão proposta por Jesus e que continua a nos incomodar, desafiando o nosso modo de ser cristão em nossos dias, é o de anunciar e viver o reino de Deus, o qual, como vimos na proposta da comunidade de Mateus, consiste em eliminar o mal, o sofrimento, vivenciar a misericórdia divina, acolher os excluídos na sociedade. Desse modo, um mundo novo se instaura como prefiguração daquele que há de vir.

Muitos milagres estão porvir em nossos tempos, marcado pela dificuldade de testemunhar a presença de Cristo numa sociedade brasileira dividida na política e na manifestação da fé. À espera de um milagre? Vai depender de nossa ação missionária libertadora.

Referência bibliográfica

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WEISER, Alfons. O que é o milagre na Bíblia. Para você entender os relatos dos Evangelhos, São Paulo: Paulinas, 1978.


[1]Doutor em Teologia Bíblica pela FAJE/BH. Mestre em Ciências Bíblicas (Exegese) pelo Pontifício Instituto Bíblico (PIB) de Roma. Professor de Exegese Bíblica. Presidente da Associação Brasileira de Pesquisa Bíblica (ABIB). Sacerdote Franciscano. Autor de treze livros e coautor de dezessete. Canal no Youtube: Frei Jacir Bíblia e Apócrifos. https://www.youtube.com/channel/UCwbSE97jnR6jQwHRigX1KlQ  Referência no Brasil na leitura crítica, ecumênica e pastoral dos apócrifos do Segundo Testamento, sobre os quais tem vários artigos e sete livros, sendo o último a tradução e comentários dos apócrifos, a saber: Bíblia Apócrifa: Segundo Testamento, (Petrópolis: Vozes, 2025).

[2] DA SILVA, Cássio Murilo Dias. Leia a Bíblia como literatura. São Paulo: Loyola, 2007, p. 47.

[3] Outros exemplos e citações de milagres na Bíblia são: Jó 9, 8; Mc 1, 40-45; 2, 1-12; 3, 1-6; 5, 21-43; 11, 14-23;  Mt 12, 10-12. 22-32; 12, 22-32; Lc 7, 11-17; 11, 14-23; 13, 10-17; 14, 1-6; Jo 6, 16-21; At 3, 1-10; 4, 31; 5, 1-11; 5, 17-21; 9, 32-43; 12, 1-19; 16, 26; Ap 11, 11; 16.

[4] Para compreender a diferença entre inferno e infernos que decorre dessa visão do mundo inferior, veja o nosso livro: O outro Pedro e a outra Madalena segundo os apócrifos, 6ª ed. Petrópolis: Vozes, 2025, p. 81-87. Recomendamos também de nossa autoria: O medo do Inferno e a arte de bem morrer: da devoção à Dormição de Maria às irmandades de Nossa Senhora da Boa Morte (Petrópolis, Vozes, 2019).

[5] WEISER, Alfons. O que é o milagre na Bíblia. Para você entender os relatos dos Evangelhos. São Paulo: Paulinas, 1978, p. 16-17.

[6]Idem, p. 21.

[7] RODRIGUES, Maria Paula. Palavra de Deus, palavra da gente. São Paulo: Paulus, 2004, p. 153-154.

[8] PAGOLA, José Antônio. Jesus. Aproximação histórica, Petrópolis: Vozes, 2010, p. 192-198.

[9] GORGULHO, Gilberto S..; ANDERSON, Ana Flora. A justiça dos pobres. Mateus. São Paulo: Paulinas, 1981, p. 88.

[10] STANLEY, David Michael, Evangelho de Mateus, São Paulo: Paulinas, 1975, p. 70-71.

[11] FARIA, Jacir de Freitas, Israel e Palestina em três dimensões. Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. Belo Horizonte: Gráfica Santo Antônio, 2011, p. 51.

[12] FARIA, Jacir de Freitas, A releitura da Torá em Jesus, RIBLA, 40. Petrópolis: Vozes, 2001, p.18.

[13] PIKAZA, Javier. A teologia de Mateus. 2ª ed. São Paulo: Paulinas, 1984, p. 59.

[14] PAGOLA, José Antônio. Jesus. Aproximação histórica. Petrópolis: Vozes, 2010, p. 208.

[15] PAGOLA, José Antônio. Jesus. Aproximação histórica. Petrópolis: Vozes, 2010, p. 209-210.

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