Dedicação da Basílica de São João de Latrão

Dedicação da Basílica de São João de Latrão

Para São Francisco de Assis, a Basílica de São João de Latrão ocupa um lugar muito especial.

“Igreja é povo de Deus em comunhão”

Frei Adilson Corrêa da Silva, OFM

Celebramos neste 9 de novembro a Dedicação da Basílica de São João de Latrão, a mais antiga e importante igreja de Roma. Sua construção remonta aos primeiros séculos do cristianismo, no tempo do imperador Constantino e do Papa Silvestre I. No ano de 1724, o Papa Bento XIII estendeu esta celebração para toda a Igreja, tornando-a um dia oportuno para recordarmos nossa caminhada de fé em comunhão, celebrando a unidade que nos faz povo de Deus.

A Basílica Lateranense, dedicada originalmente a Cristo Salvador, é a Catedral de Roma, razão pela qual é chamada de Arquibasílica, “mãe e cabeça de todas as igrejas do mundo”. Mais tarde, foi também dedicada a São João Batista e São João Evangelista, grandes anunciadores da Boa Nova. Ao longo da história, foi destruída e reconstruída diversas vezes, permanecendo como um sinal de resistência, perseverança e fidelidade. Sendo a catedral do Papa, a Basílica do Latrão nos recorda a comunhão com o Sucessor de Pedro e nos convida a rezar por ele e por toda a Igreja, vivendo o espírito da sinodalidade, caminho de escuta e corresponsabilidade na missão evangelizadora.

Para São Francisco de Assis, a Basílica de São João de Latrão ocupa um lugar muito especial. Por volta do ano de 1209, Francisco e seus primeiros companheiros (doze frades) foram até o Papa Inocêncio III, justamente no Palácio de Latrão, para pedir a bênção e aprovação da Fraternidade nascente. Eles buscavam autorização para “viver o Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo” em pobreza e fraternidade.

Conta a tradição que, na noite anterior ao encontro, o Papa teve um sonho: via a Basílica do Latrão prestes a ruir, sustentada por um pequeno e frágil frade. Ao despertar, entendeu que aquele homem era Francisco, chamado por Deus para sustentar a Igreja com sua vida evangélica.

Esse momento marcante simboliza o diálogo entre o carisma e a instituição, entre o espírito e a estrutura da Igreja. Francisco, em sua simplicidade, não se colocou contra a hierarquia, mas desejou viver em profunda comunhão e obediência à Igreja. Por isso, o encontro no Latrão é lembrado como um sinal luminoso de fidelidade e de renovação. Hoje, diante da Basílica em Roma, há um monumento de São Francisco e seus companheiros, perpetuando a memória deste gesto de comunhão e da acolhida eclesial de um novo estilo de vida evangélica.

Celebrar a Dedicação da Basílica do Latrão é, portanto, celebrar a unidade da Igreja e a presença viva de Cristo em seu povo.

A Igreja, mais do que um edifício de pedra, é comunidade de pessoas que se unem em torno do Evangelho, templo espiritual onde habita o Espírito Santo. Inspirados pelo exemplo de São Francisco, somos chamados a reconstruir continuamente a Igreja com gestos de amor, fé e serviço, sendo templos vivos do Senhor e sinais de esperança no mundo.

Neste dia, unidos em oração, elevemos nossa gratidão a Deus pela comunhão que nos sustenta. Que, como São Francisco diante do Papa em Latrão, saibamos também oferecer com humildade nossa vida pela Igreja, testemunhando a presença transformadora de Cristo e edificando, juntos, o Reino de Deus em nossa história.

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