Nosso 2º dia (25/07) ficou sob a responsabilidade de nossos confrades, Frei Donizete e Frei Reinaldo, que nos conduziram na reflexão sobre a nossa Dimensão Vocacional, nossa Visão de Mundo e nossa Dimensão Humana Relacional.

Como texto inspirador, tomamos a II Celano, onde há o relato do mandato de Jesus a Francisco, de “ir e restaurar a Igreja, que estava em ruínas”. Revisitar o nosso ponto de partida, aquela novidade de nosso interior que pode ter sido provocada inicialmente por nossa experiência pastoral, ou por nossa convivência com aquela senhorinha de nossa comunidade ou com aquele senhor, ou mesmo a partir da convivência de fé de nossos pais.

O que eu quero? Qual o propósito de Deus para minha vida? Foram, como para Francisco – “Senhor, o que queres que eu faça?”, questionamentos de nosso primeiro passo para nossa dimensão vocacional. Essa indagação provoca uma insatisfação, pois saber a direção, para onde queremos ir, desestabiliza, desacomoda, nos impele a transbordar, ou seja, ir além da borda.

Partindo da Dimensão Vocacional, se verifica que esta se dá, na forma como se exerce cada profissão. O bom administrador fará com que a sua profissão se reverta para o bem de todos e não só para a satisfação pessoal.

Há sempre um caminho novo a ser percorrido do esvaziamento ganancioso de nossas gavetas às reservas egoístas de nossos corações.

As duas ações mais nocivas ao ser humano é quando ele não quer ser apenas administrador, mas o dono e que seja feita a sua vontade. A outra é usar os bens criados para o próprio bem. Busca-se acumular, lucrar, vantagens pessoais e não o bem de todos. Quase tudo que há de ruim no mundo nasce de uma destas atitudes, ou das duas ao mesmo tempo. Vale a pena lembrar que a vocação religiosa é colocar-se a serviço dos seres humanos em tudo aquilo que se refere ao seu relacionamento com Deus. Ela é identificada em ações como vida de fé, vida de oração, perdão e reconciliação, obras de caridade, vida de virtude.

O seguimento nasce de um chamado na normalidade da vida, mas que convida a obedecer à Palavra de Jesus Cristo e a percorrer o seu caminho em uma total confiança; portanto, a seguir uma pessoa e compartilhar sua vida e ser enviado a testemunhar essa experiência.

Em outras palavras, Jesus chama homens e mulheres para permanecer e aprender d’Ele o seu jeito de ser e de amar. Essa proximidade e convivência com o Mestre provocará profundas mudanças em nós: aprenderemos que todos somos irmãos e irmãs; que o poder se faz serviço aos outros; que nossa riqueza é podermos partilhar solidariamente; que somos amigos do Mestre e das outras pessoas e não seus escravos; que mulheres e homens têm a mesma dignidade; e que todos somos convidados a nos colocar ao redor da mesma mesa, como irmãos e irmãs. A experiência de proximidade e de convivência com Jesus são o segredo de toda vocação. A intimidade com Jesus provoca a disponibilidade para o envio.

O entendimento é que a Visão de Mundo é formada por vários fatores, como histórias, cultura, contexto, modo e meio de convivência, experiência, dentre outros fatores. A questão a entender é que esta visão atua no nosso piloto automático, no modo inconsciente, um fator crucial e desempenha um papel fundamental em nossa maneira de se comportar.

Precisamos ter clareza sobre qual é a visão que temos, se ela nos beneficia ou atrapalha. Isso representa termos uma visão holística, compreender a vida em outro patamar. Ter uma visão holística do mundo, trará o entendimento de que fazemos parte de um todo maior, somos partes integrantes inter-relacionadas de um universo. Somos uma teia de relações, diz Leonardo Boff.

Embora sejamos bilhões como espécie, somos únicos como indivíduos! É imprescindível, compreender que a maneira de enxergar a vida, ou seja, a visão de mundo, é fundamental para poder alinhar os sonhos, objetivos e metas. Somos criadores de nossa realidade!

Sendo assim, nossa vida é criada a partir de nossas perspectivas e as nossas perspectivas são criadas a partir da maneira como enxergamos a vida. Saiba que a visão que temos sobre a vida direciona a nossa forma de agir. O problema é que, infelizmente, muitos de nós fomos condicionados desde o nascimento a observar o mundo sob uma perspectiva negativa. E entender isso e o quanto esta influencia nossas decisões na vida é um ato de sabedoria. Muitos resultados negativos em nossas vidas podem estar relacionados a essa visão negativa ou limitada.

Para alterarmos os resultados de nossas vidas temos que modificar os pensamentos que os produziram. AIém disso, uma reflexão sobre nossas próprias crenças e perspectivas pode nos ajudar a ampliar nossos horizontes, enriquecer nossas experiências e aprimorar nossa visão de mundo, permitindo-nos viver uma vida mais plena e satisfatória.

As Dimensões do ser Humano são as dimensões biológica, social, emocional, cognitiva e espiritual; e compõem sua  complexidade. São entendidos como dimensões uma vez que cada um propõe sua própria perspectiva do ser humano, embora existam sempre ao mesmo tempo. Portanto, nossos aspectos mais “básicos” ou “animais” fazem parte da dimensão biológica, como a satisfação de nossas necessidades vitais (fome, sede, etc.) ou nossos instintos (reprodução, etc.).

O sermão de John Donne (1572-1631) é famoso a respeito que “nenhuma pessoa é uma ilha”, isto é, que os seres humanos não podem viver sozinhos, mas nós somos seres gregários, que tendem a se agrupar e formar comunidades. Assim, a dimensão social refere-se à nossa interação com os outros, e ao papel que desempenhamos na rede de contatos.

As emoções e os afetos são essenciais para o nosso bem-estar como indivíduos, e gerenciá-los é a chave para o nosso desempenho na sociedade: um indivíduo emocionalmente frustrado terá dificuldade em realizar tarefas para as quais, de outra forma, está perfeitamente bem.

O que distingue os humanos dos animais, precisamente, é a sua capacidade para o raciocínio, dedução, compreensão profunda da realidade circundante, e a possibilidade de usar a criatividade para desenhar soluções com base no observado. Chamamos tudo isso, de uma forma ou de outra, de “inteligência” ou “razão”.

A vida intelectual do ser humano é aquela que tem a ver com sua formação intelectual, sua capacidade de raciocínio e seu manejo do conhecimento de que necessita para viver uma existência mais plena possível.

Assim, a dimensão moral ou espiritual do ser humano tem a ver com sua capacidade de se sentir parte de uma visão harmoniosa do mundo, ou seja, de encontrar seu Iugar na ordem das coisas, algo que não pode ser encontrado por meio da vida cognitiva ou vida social apenas.

E aí, já sabe qual o propósito de Deus para sua vida?

REFERÊNCIA:

Dimensões do ser humano.

https://conceitosdomundo.pt/dimensoes-do-ser-humano/#:~:text=O%20serm%C3%A3o%20de%20John%20Donne,se%20agrupar%20e%20formar%20comunidades%20. – Acesso em 21/07/2023