A formação é um estado permanente de construção. Estamos permanentemente em obras!
Seguindo as Orientações para Elaboração de Projeto de Vida e Missão proposto pela Província Santa Cruz, o nosso 3º dia de retiro, 26/7, ficou sob a responsabilidade de nossos confrades, Frei Antônio Teófilo e Frei Celso Márcio, que nos conduziram na reflexão sobre a nossa Dimensão Formativa, nossa Dimensão Espiritual e nossa Dimensão Laboral.
Quando se fala em formação, pensa-se no processo operativo, em alguns casos urgentes. Mas a reflexão raiz, por assim dizer, o sentido mesmo da formação é um estado permanente de construção. Estamos permanentemente em obras! Esta construção permanente visa a conquista da identidade do humano. Nossa identidade cristã é a de sermos imagem e semelhança de Deus, para isso, temos como modelo a estatura de Cristo. Portanto a Formação, é uma tarefa árdua e inalienável de cada pessoa.
Já a dimensão do estudo traz importantes questionamentos: sua finalidade e seu sentido. Temos ideia que a finalidade do estudo é para ensinar os outros, ou seja, se estudo teologia é para aplicar na evangelização, portanto é para fora. São Boaventura contrariamente diz que “o estudo é para nos tornarmos bons”. No caso de um Médico, por exemplo, estuda-se para aprender as técnicas e aí sim, ser bom para os outros. Ser um bom Médico. O mesmo pode se dizer para um pianista, um engenheiro, um frade… só posso ser bom para os outros quando me torno bom. Ninguém pode oferecer daquilo que não tem. O bem transborda. Nesse sentido estudamos para nos tornarmos bons e essa bondade transbordar para os outros. Já o sentido do estudo está muito atrelado infelizmente à quantidade e não à qualidade. Não se despreza a necessidade de um possível acúmulo do conhecimento, mas precisamos ir além, precisamos tomar consciência de que o estudo nos permite ler a nossa realidade, abrir nossos horizontes. O sentido do estudo está posto na questão de nos tornarmos uma presença qualificada. Assim, como um ser em eterna construção, somos também eternos aprendizes. Estudo não é para a intelectualidade, mas, para a sabedoria.
Já a dimensão do trabalho, é o modo de nos relacionarmos com as criaturas, longe da ideia errônea e contextual bíblica de dominar, mas humanizar o mundo. Humanizar requer dedicação, cuidado. Aqui percebe-se a necessidade de uma formação permanente e com sabedoria, pois assim transformaremos positivamente o mundo. Trabalho não é apenas um hobby, para seu prazer, mas antes, profissionalismo. Este último carece à Vida Religiosa. O nosso trabalho deve nos identificar com a vida dos pobres. Lembramos aqui São Francisco de Assis com seu desejo de “querer trabalhar”. O trabalho é uma maneira de ser do frade menor. Dentro do contexto bíblico de queda do homem, este foi condenado a “comer do suor do seu rosto” o que trouxe até hoje uma ideia negativa do trabalho. São Bento resgata a dignidade do trabalho com seu “Ora et Labora”. “Aqueles que o Senhor deu a graça de trabalhar…” nos diz Francisco, resgatando a ideia do trabalho como graça, dom. Hoje, na sociedade atual, a realidade do trabalho carrega o rótulo de um peso, em meio a tanta exploração, e aqui lembramos que para Marx, o trabalho é a realização do ser humano.
Na dimensão da oração, temos nossa própria relação com o mistério de Deus. Alimentar nossa relação com Deus nos desenvolve mais e melhor nas relações humanas. A oração é a presença do outro, assim como os enamorados, que procuram a presença do amado, assim nós, ainda mais franciscanos, devemos procurar a presença deste “Amor que não é amado”.
Todo esse itinerário, formação, estudo, trabalho e oração tem a busca no eixo pessoal e comunitário. Uma busca constante para sermos cada vez melhores, mais integrados e envolvidos na comunidade/fraternidade.