O professor Marco Bartoli dedicou a manhã do dia 09 de agosto a dois temas: a relação de Francisco com a Cúria Romana e à forma de vida que Francisco escreveu às irmãs clarissas.
O terceiro dia do encontro de formação permanente iniciou às 7h15, com uma missa, presidida pelo frei Adilson Corrêa da Silva, na Capela do Seminário Seráfico Santo Antônio e logo após o café da manhã, o professor Marco Bartoli iniciou a assessoria.
É possível perceber como a relação de Francisco com a Cúria Romana foi de um delicado equilíbrio entre estar na ortodoxia e propor outras iniciativas não tão canônicas. Desde a aprovação da forma vitae, em 1209, o movimento de Francisco transitou com certa liberdade, recebendo inclusive concessões por parte de pessoas influentes, como o cardeal Hugolino, ao mesmo tempo em que se esforçou por seguir as indicativas do Papa.
É preciso, desse modo recordar do IV Concílio de Latrão, que impôs uma série de proibições às ordens religiosas, constituindo-se uma dificuldade para o grupo de Francisco. Pairava certa dúvida sobre o movimento, afinal, o ideal de Francisco era acolher a todos, cultos e iletrados, pobres e ricos, o que, para a Cúria Romana, indicava um desafio para a sustentabilidade do grupo.
Desde o início, Francisco pôde contar com a amizade do cardeal João de São Paulo. Quando este morreu, Hugolino fez parecer ser próximo a Francisco, porém, cardeal Hugolino não visitou Francisco em sua longa enfermidade nem tampouco compareceu ao funeral, como fizera, por exemplo, com São Domingos.
Na segunda parte da manhã, o professor Bartoli refletiu com os frades sobre a forma de vida dada às Clarissas. Recordemos o texto: “Desde que, por inspiração divina, vos fizestes filhas e servas do Altíssimo Sumo Rei Pai celeste e desposastes o Espírito Santo, optando por uma vida de acordo com a perfeição do Santo Evangelho, eu quero e prometo, por mim e por meus frades, ter por vós o mesmo cuidado diligente e uma solicitude especial, como por eles” (RSC VI,3-4).
O assessor demonstrou então, a partir de uma análise filológica, que o autor deste texto é mesmo São Francisco, o qual apresenta um modo não tão jurídico, mas como um pacto, em que ele promete a solicitude devida às irmãs clarissas.
Marco Bartoli destacou ainda a ideia de ser “esposa do Espírito Santo”, que se apresenta como uma novidade teológica para a época, pois a expressão mais usada é “esposa de Cristo”. A relação com o Espirito Santo aparece em outros escritos de Francisco, como na saudação à Virgem Maria. Logo, Francisco parece atribuir a Clara a mesma admiração que tem por Maria: ambas se tornaram esposas do Espírito.
Após esclarecimentos e comentários dos frades participantes, encerrou-se o período da manhã.
Na parte da tarde, o professor Marco Bartoli iniciou a reflexão sobre o Natal de Greccio, que prosseguiu até o final do dia.
O dia encerrou com o Recreio às 20h30min.