O Advento é o tempo de preparação para o Natal, a chegada do menino Deus no meio da humanidade.
Frei Alan Vitor Rodrigues Santos, ofm
O ano litúrgico inicia-se no Tempo do advento, que quer dizer “chegada”, “vinda”. O Advento é o tempo de preparação para o Natal, a chegada do menino Deus no meio da humanidade. A Igreja, esperançosa e em constante vigilância, espera a chegada do Cristo, o Messias. As quatro semanas que antecedem a data em que a Igreja celebra o nascimento de Jesus são oportunidades para aprofundar reflexões, renovar esperanças e abrir o coração para acolher o Salvador.
É tempo da Esperança, da acolhida do Deus que assume a forma de gente, a natureza humana, se faz um de nós. É Deus conosco! O Emanuel!
No tempo santo do Advento, pode-se observar que as duas primeiras semanas do advento falam sobre a vinda de Cristo nos finais dos tempos; enquanto as duas seguintes servem para refletir concretamente sobre o nascimento de Jesus. Por isso, ao falarmos: “Vem, Senhor Jesus! ”, não é só pensando no Natal, mas, também, no que vem a cada dia através da Palavra e da Eucaristia e no que virá nos fins dos tempos. O papa Bento XVI, em uma meditação sobre o Advento no ano de 2005, se expressou assim sobre este tempo litúrgico: “No Advento, o povo cristão revive o duplo movimento do espírito: por um lado, eleva o olhar rumo à meta final de sua peregrinação na história, que é a vinda gloriosa do Senhor Jesus; por outro, recordando com emoção o seu nascimento em Belém, inclina-se diante do presépio”.
O profeta Isaías é o profeta da Esperança, do sonho Messiânico, do Salvador da humanidade. Ele ajudará a Igreja, neste itinerário preparatório, a cultivar a esperança, a sermos inquietos, a cultivar o otimismo, a ter visão de futuro, a sermos sensíveis em relação ao movimento da história! Além disso, quem espera deve vigiar, por isso, o tempo do advento, é também caracterizado pela experiência da reflexão sobre a vigilância, a conversão, a mudança de vida. O caráter preparatório do Advento imprime em toda a Igreja um espírito de mudança. A preparação devida requer uma organização da vida exterior e interior, para que todos se encontrem preparados e vigilantes para acolherem ao Senhor que vem. A atitude de vigilância é a postura de pessoas despertas, atentas a si mesmas, a Deus, e ao próximo. Enquanto estamos vigilantes, vamos reconhecendo a presença do Cristo em cada momento da vida.
É tempo de refletirmos sobre o mistério do Deus que se faz homem, isto é, esvazia-se de si mesmo, para se fazer gente como nós. É o mistério da “Kênosis”: “Ele existindo em forma divina, não considerou um privilégio ser igual a Deus, mas esvaziou-se, assumindo a forma de servo e tornando-se semelhante ao ser humano”. (Filipenses 2,6-7) São Francisco, como um autêntico seguidor do Cristo, viveu esse esvaziamento de si.
Quero dizer que, Francisco, a partir do encontro com o Cristo pobre, percebe que para seguir o Cristo, não poderia estar cheio de si, cheio de arrogância, ganância, egoísmo e outras coisas mais. Ele percebe que é necessário esvaziar-se e preencher-se do amor, da paz e do bem que vem do Altíssimo.
A Família Franciscana celebra, neste ano, 800 anos do “Natal de Greccio”. São Francisco de Assis, no Natal de 1223, quis viver o Natal de uma forma diferente, como ninguém tinha vivido ainda. Não apenas celebrar a Missa de Natal numa igreja, catedral, numa basílica. Ele queria mais do que isso, porque estava vivendo profundamente o mistério de Deus na sua vida. Ele diz: ‘Quero ver com os meus olhos como Deus fica deitado entre palhas, numa manjedoura entre o boi e o burro”.
Fica claro que Francisco carregava esta espiritualidade do Verbo encarnado muito fortemente em sua vida e missão.
Neste advento, inspiremo-nos em Frei Francisco que deixa essa grande herança para nós franciscanos e franciscanas: esvaziar-se para livremente fazer a vontade do Altíssimo.