O curso foi conduzido pelo professor Frei Oton Júnior, ofm, o qual salientou que Sinal dos Tempos podem ser entendidos como “perceber a presença de Deus entre nós”.
Frei Sidinei Braz Jerônimo, noviço
Nos dias 16 e 17 de abril de 2024, aconteceu no Noviciado São Benedito, em Montes Claros um curso voltado à Vida Religiosa e os Sinais dos Tempos. O curso foi conduzido pelo professor Frei Oton Júnior, ofm, o qual salientou que Sinal dos Tempos podem ser entendidos como “perceber a presença de Deus entre nós”. A princípio, o curso, que acontece anualmente, seria voltado ao Noviciado franciscano, mas Frei Jaime achou por bem estender o convite para os Religiosos e Religiosas que compõem a CRB de Montes Claros.
Contamos com a presença de seis Religiosas, sendo três da Congregação das Irmãs Franciscanas Missionárias Diocesanas da Encarnação, as irmãs Mira, Valmeres e Etelvina, três irmãs da Congregação das Irmãs da Sagrada Família de Montes Claros, irmã Marina e as noviças Amélia e Dinércia. Também participou conosco o Diácono permanente Geraldo Magelo, que presta assistência às Pastorais Sociais da Arquidiocese.
Frei Oton iniciou sua reflexão apresentando um “panorama” da Vida Religiosa a partir do Concílio Vaticano II e destacando o elogio do Papa Paulo VI aos religiosos, dizendo que estes “encontram-se com frequência nos postos de vanguarda da missão” (EN 69). Também foi dito que a consagração religiosa não se dá fora do tempo e do espaço. Os Religiosos e Religiosas não são separados do contexto de mundo.
Como o próprio professor apresentou no início, sua explanação não teve a pretensão de esgotar todos os assuntos a serem tratados, porém nos foi possível ter uma visão mais ampliada dos principais acontecimentos do mundo, do Brasil, da Igreja e da Vida Religiosa Consagrada.
Foi proposto aos participantes ler a realidade com as “lentes do Evangelho”. Naquilo que tange ao mundo, foi-nos apresentado um “mapa” das principais crises que estão totalmente interligadas, a saber: uma crise ecológica, crise demográfica e social, econômica, política e psíquica (cf. Vladmir Safatle – Entrevista ao Canal A Terra é redonda).
Concernente ao Brasil, discutimos a dificuldade de haver uma participação ativa dos Ministérios ligados às áreas sociais, que acabam perdendo espaço, embora sejam compostos por pessoas muito competentes. Falou-se também da desigualdade social e da incongruência entre os dados do crescimento financeiro e as ações concretas no dia-a-dia do brasileiro.
No tocante à Igreja, refletimos sobre a dificuldade em ter um discurso de unidade, mostrando haver um dissenso declarado. Contudo, o Papa Francisco vem se mostrando como quem mais tem autoridade para fazer as análises de conjuntura do mundo, haja vista a Encíclica Fratelli Tutti.
Por fim, sobre a Vida Religiosa Consagrada foi observado uma dificuldade em se viver uma sacralidade no tempo atual, além de uma crescente “formação paralela”, feita por líderes midiáticos. Também foi salientada a dificuldade em se renovar as lideranças e o envelhecimento das instituições.
O curso foi intenso e muito produtivo, teríamos assuntos a serem tratados por, pelo menos, uma semana. Contudo, foi um momento muito forte de agregar conhecimentos e trocas de experiências. A presença das irmãs e do diácono nos ajudou muito a encarnar os assuntos tratados nos textos à nossa realidade eclesial. Valeu a pena debruçar um pouco sobre nosso contexto no qual somos convidados à Profecia.