Virgem da II Ordem (1424-1490), fundadora das Monjas Concepcionistas Franciscanas, canonizada por Paulo VI (03/10/1976)
Santa Beatriz da Silva, de linhagem nobiliárquica, nasceu em Ceuta, Marrocos, em 1424, filha de Rui Gomes da Silva e Isabel Peres de Meneses. Tal como seu irmão de sangue, o franciscano B. Amadeu da Silva, era aparentada com a família real portuguesa e, por isso, acompanhou como dama de honor a infanta Isabel de Portugal, quando esta se casou em 1447 com João II de Castela.
A sua rara beleza e extraordinária virtude fizeram-na cobiçada por nobres da corte castelhana, e isso despertou ciúmes na rainha, que a maltratou e chegou ao ponto de a ter três dias metida no calabouço, pondo em perigo a própria vida. Logo que foi libertada, depois de fazer voto perpétuo da castidade, partiu em segredo para Tordesilhas e daí para Toledo, sempre acompanhada, segundo a lenda, por São Francisco de Assis e Santo Antônio de Lisboa.
Foi acolhida no mosteiro de S. Domingos de Toledo, onde viveu uns trinta anos. Foi durante esse período que nela despontou e amadureceu a ideia de fundar um novo instituto em honra da Imaculada Conceição de Maria. Nesse empreendimento contou com o apoio da rainha Isabel, a Católica, que lhe cedeu o seu palácio da Galiana, na mesma cidade de Toledo, com a igreja anexa à Santa Fé. Transferiu-se para a nova casa com 12 companheiras em 1484, e, pouco tempo depois, com uma regra redigida pela fundadora, a nova Congregação foi aprovada por Inocêncio VIII em bula de 13 de abril de 1489.
Beatriz vivia em Deus, e Deus vivia nela. Unia-se a Jesus por meio de Maria. Contemplava a perfeição divina e as maravilhas da graça realizadas em Maria, criatura privilegiada e bendita entre as mulheres. Em 1484, estando ela absorta em oração, apareceu-lhe Maria Imaculada, vestida de branco e com um manto azul, e disse-lhe: “Minha Filha, é da vontade de meu Filho Jesus que nesta igreja se funde uma Ordem religiosa com o nome da minha Imaculada Conceição. Deus quer servir-se de ti para lançar os fundamentos dessa instituição. Põe mãos à obra, sem demora e sem medo, que eu estarei sempre a teu lado”. Assim se formou o novo grupo das Irmãs Concepcionistas, agregadas à II Ordem Franciscana. O seu hábito imita as vestes de Maria na aparição, uma túnica branca com escapulário e um manto azul. Acrescentou-se-lhe depois o cordão franciscano, símbolo da perpétua união com a família do seráfi co Pobrezinho.
Quando a santa, ardendo em febre, esperava no leito a hora suprema, apareceu-lhe pela terceira vez a Virgem Imaculada a anunciar-lhe que não tardaria a entrar no céu. Entusiasmada com a notícia, preparou-se para o dia mais belo da vida. A 16 de agosto de 1490, com idade de 66 anos, expirou docemente, enquanto sobre o seu rosto virginal brilhou por alguns instantes uma estrela de excepcional esplendor. Era o selo da santidade.
Fonte: Santos Franciscanos para cada dia (Frei Giuliano Ferrini, ofm / Frei Guillermo Ramirez, ofm)