“Suas músicas não nos fazem ficar olhando para cima, mas nos fazem olhar para os lados, nos fazem sentir irmãos e nos põem em ação, em colaboração com o projeto do Deus revelado em Jesus Cristo” (Dom Frei Hugo)
Frei Oton da Silva Araújo Júnior, OFM
Os frades da região metropolitana de Belo Horizonte se despediram de Frei Joel Postma com dois momentos celebrativos. Na noite do dia 30 de outubro, houve a celebração do Ofício Divino das Comunidades, pelo qual Frei Joel foi grande entusiasta, sendo um de seus colaboradores iniciais. O Ofício foi presidido pelo Ministro Provincial, Frei Vicente Paulo do Nascimento e contou com a participação dos frades, religiosos e religiosas, e amigos de diferentes momentos da vida do Frei Joel.
Houve espaço para alguns testemunhos, os quais destacaram o jeito amigo de Frei Joel, a sua contribuição para a música litúrgica no Brasil e todo o processo de inculturação de sua obra, em valorização dos ritmos e do modo brasileiro de se expressar liturgicamente.
Na manhã do dia 31, às 8h, mais uma vez, os frades se reuniram com a Vida Religiosa e outros amigos do Frei Joel para a celebração eucarística presidida pelo Vigário Provincial, Frei Vicente Ronaldo da Silva.
Em sua homilia, o Ministro Provincial, Frei Vicente Paulo do Nascimento, rendeu graças a Deus por Frei Joel ter traduzido na música litúrgica o grande Mistério Pascal de Cristo, num caminho mistagógico da fé, e por ter formado uma escola de discípulos que levam o seu legado adiante.
O Visitador Geral, Frei Gustavo Medella, ressaltou que a contribuição de Frei Joel se estende no tempo e no espaço: no tempo, visto que seu legado se perpetua ao longo dos anos, desde as reformas conciliares, chegando até os dias atuais; e no espaço, uma vez que sua contribuição alcança a tantas comunidades do Brasil, sobretudo pelos Hinários Litúrgicos e pelo Ofício Divino das Comunidades.
Em nome dos frades holandeses, Dom Frei Hugo Maria van Steekelenburg ressaltou que Frei Joel não ficou apegado às tradições europeias da música, mas se jogou por inteiro na maneira brasileira de celebrar. “Suas músicas não nos fazem ficar olhando para cima, mas nos fazem olhar para os lados, nos fazem sentir irmãos e nos põem em ação, em colaboração com o projeto do Deus revelado em Jesus Cristo”.
O guardião do convento São Francisco das Chagas, Frei Jonas Nogueira, agradeceu ao corpo de enfermagem que se dedicou aos cuidados de Frei Joel ao longo de sua estadia em Belo Horizonte, propiciando-lhe todos os cuidados necessários. Ressaltou que o jargão muitas vezes dito por Frei Joel deve continuar ecoando no coração de todos: “Vamos falar de flores”.
Após a celebração eucarística, o corpo de Frei Joel foi levado para a cidade de Santos Dumont -MG, onde ele viveu por 46 anos. Ali seu corpo será recebido por nossa mãe e irmã terra.
A presidência da CNBB publicou uma nota de pesar pela morte e enviou condolências ao ministro provincial da Ordem dos Frades Menores, frei Vicente Paulo do Nascimento, e aos frades da província Santa Cruz.
No documento, a CNBB reforçou que na beleza das composições desse franciscano, encontramos “a tradição musical da Igreja, que excede todas as outras expressões de arte, porque constitui parte integrante da Liturgia solene” (cf. SC 112). No seu generoso serviço, ele pode organizar as primeiras edições do Hinário Litúrgico da CNBB, publicadas pela Paulus, e atuou decisivamente para criar o Curso Ecumênico de Liturgia e Música (CELMU).
“Nossa gratidão a Deus pela vida e obra de Frei Joel, que cantou a liturgia com a vida e inspira nossas comunidades a cantar em fidelidade à tradição bíblico-litúrgica, a experiência eclesial latino-americana e a cultura musical do nosso país, na variedade de suas regiões. Somos imensamente gratos! Na certeza de que a vida não é tirada, mas transformada, pedimos que o Ressuscitado seja o vosso consolo”, pontuou a presidência da CNBB.