Inspirados no legado do Papa Francisco, nas vozes proféticas de Dom Helder e Paulo Freire, convocamos uma nova geração a “ser luz” em meio à noite da economia atual.
Frei Laércio Jorge de Oliveira, ofm
Evento, inspirado no legado do Papa Francisco, ecoa as vozes proféticas de Dom Helder e Paulo Freire e convoca uma nova geração a “ser luz” em meio à noite da economia atual.
RECIFE, PE – Sob o céu que acolheu os profetas e sonhadores de outrora, começou nesta quinta-feira, 11 setembro 2025, dia histórico para a democracia brasileira, o III Encontro Nacional da Economia de Francisco e Clara. Neste, a Província Santa Cruz se faz representada por Frei Adilson Correa, Luana Calixto, Luiz Pereira e Frei Laércio Jorge.
O evento, que reúne uma diversidade de profissionais, sejam economistas, empreendedores, acadêmicos, religiosos e religiosas dos mais diversas credos e tradições, e leigos ativos dos mais diversos cantos do Brasil, no Recife, não é apenas um fórum de discussão. É um farol, um ponto de luz irradiado do nordeste brasileiro para o mundo, proclamando que uma economia diferente não só é possível como está urgentemente a caminho.
A abertura do encontro foi marcada não por discursos de autoridades políticas, religiosas e leigas, mas por um espírito comunitário e pela leitura do texto bíblico que parece ecoar com estranha e vigorosa atualidade: a passagem do Profeta Jeremias, no capítulo 6. Nele, surge a figura do sentinela, aquele que se coloca no limiar frágil e crucial “entre a noite e a aurora”. Sua missão? “Ir e reconstruir, ser luz, pois muitas mãos te esperam”.
Esta imagem do sentinela tornou-se o coração pulsante deste momento. É ele quem enxerga a escuridão da desigualdade, da exploração predatória do planeta e da financeirização da vida, mas não se aquieta nela. Ele é aquele que, porque vê os primeiros raios de um novo dia que ainda não chegou para todos, tem a coragem de agir. É um construtor da aurora. E é exatamente esse o chamado que ressoa nos corredores e debates que acontecem na Universidade Católica de Pernambuco [Unicap]: ser sentinela ativa de um novo tempo.
Seguiram na mesma esperança radical de Francisco e Clara de Assis, que no século XIII fizeram do Evangelho uma revolução ao trocar riquezas por serviço e poder por fraternidade. O desafio lançado aos participantes é fazer o mesmo hoje: desarmar as estruturas econômicas vigentes com a força contagiante de um pacto ético. Uma economia que não mate, que não exclua, que não devaste, mas que faça do Evangelho uma revolução capaz de gerar justiça para todas as vidas, já!
O cenário de Recife não é casual. A cidade é um solo sagrado para este diálogo entre a profecia e a prática. Aqui, o evento ecoa e se alimenta da voz inabalável de Dom Helder Câmara, o profeta da “esperança que teima”, que clamou por uma Igreja servidora e um mundo onde a justiça fosse o esteio da paz. Ecoa, também, a pedagogia libertadora de Paulo Freire, onde para ele educar é esperançar, é construir juntos uma nova realidade que não aceita a opressão como destino. Eles estão presentes, assim como tantos outros ícones brasileiros que inspiram esta revolução, não como memória distante, mas como sementes que germinam na ousadia desta nova geração.
Entre mesas de debate, partilhas comunitárias e celebrações, os participantes reafirmam que não há tempo a perder: a urgência da vida pede coragem, criatividade e compromisso coletivo. Como sentinelas da aurora, o III Encontro da Economia de Francisco e Clara em Recife se coloca na história como um chamado à esperança ativa — aquela que sonha, mas também age; que denuncia, mas também anuncia; que não espera amanhã para transformar, porque sabe que o agora é o tempo favorável.
Os que tomam parte deste III Encontro Nacional da Economia de Francisco e Clara seguem com a expectativa de que das trocas, experiências e inspirações brotem caminhos concretos de uma economia que respeite a dignidade humana, cuide da Casa Comum e, sobretudo, coloque no centro a vida em sua plenitude. Uma vigília ativa, com mãos que tecem redes, mentes que projetam modelos e corações que se abrem à alteridade. Eles são os sentinelas que, entre a noite e a aurora, já começam a reconstruir. E muitas mãos, de fato, os esperam…
Sigam, acompanhando-nos com suas orações…
Paz e Bem!





