Santo Antônio faleceu em 1231, e foi canonizado no ano seguinte.
Frei Oton Júnior
As festividades de Santo Antônio nos fazem relembrar alguns elementos fundamentais de sua vida e que inspiram a devoção de mulheres e homens de muitos países, inclusive no Brasil, onde a fé popular inculturou o Santo a ponto de torná-lo alguém de casa, atento às necessidades fundamentais, como ter pão, casar-se e encontrar objetos perdidos.
“O mais famoso lisboeta” nasceu Fernando de Bulhões, em fins do século XII. Tendo iniciado a vida religiosa junto aos cônegos de Santo Agostinho, ao ver o testemunho dos frades franciscanos martirizados em Marrocos, interessou-se por conhecer melhor o movimento ao redor de Francisco de Assis, vindo a ingressar na Ordem Franciscana pouco depois. Ele participou do conhecido Capítulo das Esteiras, em 1221, quando conheceu Francisco de Assis. “Em seguida, – relembrou o Papa Bento XVI – viveu algum tempo no escondimento total num convento de Forli, no norte da Itália, onde o Senhor o chamou para outra missão” (10.02.10).
Com um bom preparo teológico, foi encarregado por São Francisco de preparar os frades para a pregação, iniciando sua prática de ensino em Bolonha. No último período de vida, Antônio pôs por escrito dois ciclos de Sermões, intitulados respectivamente Sermões dominicais e Sermões sobre os Santos, destinados aos pregadores e aos professores dos estudos teológicos da Ordem franciscana.
Um jovem inquieto
A entrada de Fernando na Vida Religiosa se deu quando ele tinha cerca de 15 anos. Dez anos mais tarde ingressou junto à Ordem Franciscana. Inicialmente, exerceu funções simples, mas foi descoberto como grande pregador e chegou a ser provincial dos frades.
Tudo isso mostra que Antônio fora um homem inquieto, de busca, que nunca se acomodava com aquilo que fazia, mas se reinventava a cada vez, preparando-se para o próximo desafio.
Um coração solidário
Semanalmente, em muitos lugares onde se mantém a devoção a Santo Antonio faz-se a bênção e a distribuição dos pães. Isso para relembrar o compromisso do Santo para com os necessitados de seu tempo.
No início do século XVIII, no contexto do renascimento das cidades e do florescer do comércio, crescia o número de pessoas insensíveis às necessidades dos pobres. Por este motivo, Antônio convidou várias vezes os fiéis a pensar na verdadeira riqueza, a da cruz, que tornando bons e misericordiosos, faz acumular tesouros para o Céu. “Ó ricos – assim ele exorta – tornai-vos amigos… dos pobres, acolhei-os nas vossas casas: serão depois eles, os pobres, quem vos acolherão nos eternos tabernáculos, onde há a beleza da paz, a confiança da consciência, a opulenta tranquilidade da eterna saciedade”.
Uma atenção às famílias
Outro aspecto muito popular relacionado à pessoa de Santo Antônio é o de ser casamenteiro. Tal fama se refere ao fato de ele ter auxiliado no pagamento de um dote de uma jovem que gostaria de se casar.
Para nossos dias, o tema da família se alarga para novas configurações, mantendo o compromisso de fidelidade e doação mútua.
Relembramos a exortação do Papa Francisco, em que diz que o amor, mesmo imperfeito, é real: “O outro não é apenas aquilo que me incomoda; é muito mais do que isso. E, pela mesma razão, não lhe exijo que seja perfeito o seu amor para o apreciar: ama-me como é e como pode, com os seus limites, mas o facto de o seu amor ser imperfeito não significa que seja falso ou que não seja real. É real, mas limitado e terreno. Por isso, se eu lhe exigir demais, de alguma maneira o fará saber, pois não poderá nem aceitará desempenhar o papel dum ser divino nem estar ao serviço de todas as minhas necessidades. O amor convive com a imperfeição, desculpa-a e sabe guardar silêncio perante os limites do ser amado” (Amoris Laetitia, n. 113).
Santo Antônio faleceu em 1231, e foi canonizado no ano seguinte.
Estudos, pregação, solidariedade, atenção às famílias, fazem de Santo Antônio alguém muito inspirador para nossos dias. “Se pregas Jesus, Ele comove os corações duros; se o invocas, alivia das tentações amargas; se o pensas, ilumina o teu coração; se o lês, sacia-te a mente” (Sermones Dominicales et Festivi III, p. 59).