Na manhã do primeiro dia da Assembleia Provincial, o sociólogo Eduardo Brasileiro apresentou os princípios que orientam a Economia de Francisco e Clara (EFC), uma iniciativa global liderada pelo Papa Francisco. Essa proposta busca repensar o modelo econômico atual, promovendo uma sociedade mais justa e sustentável, inspirada na vida e nos ensinamentos de São Francisco e Santa Clara. O movimento propõe uma economia que priorize o bem-estar humano e o cuidado com o planeta, em oposição ao capitalismo e ao modelo de desenvolvimento centrado no lucro e no crescimento econômico às custas da vida e do meio ambiente.

Entre os principais desafios e valores do movimento, destacam-se a questão da riqueza e da pobreza, enfatizando a importância da simplicidade e da solidariedade; a questão socioambiental, defendendo a sustentabilidade e o cuidado com o planeta, como ressalta a encíclica Laudato Si; e a reflexão sobre o papel da democracia e da economia na esfera global, promovendo a fraternidade e a cooperação internacional.

A EFC propõe diversas ações e políticas para construir uma economia mais justa e sustentável, como a promoção da economia solidária e do trabalho digno, garantindo a inclusão de todos; a implementação da renda básica universal, para assegurar a segurança econômica de cada pessoa; e o fortalecimento do orçamento participativo, estimulando a participação cidadã nas decisões econômicas.

Entre os convites do movimento, estão acreditar nas pequenas iniciativas e movimentos locais, promover o decrescimento consciente e saudável, e impulsionar uma transição energética justa e popular, priorizando as necessidades humanas e ambientais.

Para exemplificar essas ações, Eduardo Brasileiro apresentou experiências acadêmicas vinculadas à PUC Minas e ao Paraná, além das Casas de Francisco e Clara, espaços de troca de experiências que visam enfrentar desafios territoriais e divulgar boas práticas, como as iniciativas do MST, bancos comunitários (hoje em torno de 150 espalhados pelo Brasil) e experiências de cooperativismo.

Após as apresentações, os participantes se dividiram em grupos para compartilhar iniciativas já existentes na PSC. Ao encerrar, Eduardo reforçou que todas as ações elencadas estão alinhadas com a visão de uma sociedade fundamentada na Família Franciscana. Ele destacou a importância de dar visibilidade às iniciativas existentes nas comunidades e na sociedade como um todo, mencionando, por exemplo, as Casas de Francisco e Clara espalhadas pelo Brasil, e enfatizou a necessidade de um trabalho em rede para consolidar o movimento da EFC.

No âmbito mundial, há a organização Economy of Francesco, um grupo de direito civil que acompanha as experiências relacionadas. Na América Latina, o CELAM busca integrar essas ações por meio do projeto Aldeias. Em novembro, ocorrerá um encontro com o Papa Leão. A EFC também mantém parceria com a CNBB, participando das Campanhas da Fraternidade, além de produzir um podcast em cooperação com a Rádio/TV Aparecida para o período da quaresma.

Para fechar as reflexões do dia, à noite será lançada uma revista em homenagem a Frei Joel Postma, falecido no ano passado, uma grande referência na música litúrgica do Brasil.