Doutor Subtil e Mariano (1265-1308). João Paulo II aprovou o seu culto a 20 de Março de 1993.
João Escoto é o seu nome. Duns é o nome da terra escocesa, onde veio ao mundo pelo ano de 1265. Com cerca de 15 anos, ingressou na ordem dos frades menores e, a 17 de abril de 1291, foi ordenado sacerdote. Os seus raros dotes intelectuais levaram os superiores a mandarem-no para a Universidade de Paris fazer os estudos superiores. Logo que os completou, em 1296, passou a lecionar como bacharel, comentando as “Sentenças” de Pedro Lombardo nas universidades de Cantabrígia, Oxónia e Paris. Teve, contudo, de abandonar esta última cátedra por se ter recusado a assinar uma apelação ao Concílio, promovida pelo rei da França, Filipe o Belo contra o Papa Bonifácio VIII. Porém, a exclusão durou pouco, pois regressou logo no ano seguinte para receber o título de doutor, com uma carta de apresentação do ministro-geral da Ordem, Padre Gonçalo Hispano, que tinha sido seu mestre, e o recomendava como absolutamente digno do doutoramento, “quer por uma já longa experiência de ensino, quer pela fama de que já gozava em várias universidades, bem como pela vida exemplar, ciência excelente e inteligência subtilíssima” do candidato.
Em finais de 1307, pouco antes de falecer, João Duns Scoto lecionava na Universidade de Colónia. Talvez não tenha havido, em toda a Idade Média, nenhum outro doutor mais notável do que este franciscano da Escócia, que estudou em Oxónia, lecionou em várias universidades, incluindo a de Paris, onde foi expulso por ter a coragem de se opor à prepotência de um rei e veio a morrer em uma idade em que os outros filósofos começavam a produzir, como se a chama do pensamento lhe tivesse queimado a juventude. O título que lhe atribuíram de “Doutor Subtil”, exprime a sua sublimidade. As suas doutrinas sobre a SS. Virgem e sobre o mistério da Encarnação vieram a ser confirmadas no dogma da Imaculada Conceição e no culto da realeza de Cristo. Como filósofo metafísico e como teólogo, teve ainda o mérito de elaborar e sistematizar o misticismo de São Boaventura e os grandes amores de São Francisco, Jesus e sua Mãe. Por isso, a posteridade também lhe chamou “Doutor do Verbo Encarnado” e “Doutor Mariano”. Teve numerosos discípulos, e tornou-se uma figura de relevo da Escola Franciscana, iniciada com Alexandre de Hales, celebrizada com São Boaventura, o “Doutor Seráfico”, e que atingiu o apogeu com Escoto.
Depois dos mistérios de Jesus, foram os de Maria que constituíram as elucidações teológicas do doutor Subitil. Duns Escoto é o grande teólogo da Imaculada Conceição. Numa disputa pública sobre esse assunto, em que foi convidado a participar, esteve calado, enquanto 200 teólogos expuseram as suas teses, tentando provar que Maria não poderia ter nascido sem pecado original, pois, nesse caso, Cristo não teria sido o Redentor de todo o gênero humano. Depois de os ouvir a todos, o nosso Doutor Mariano levantou-se para tomar a palavra e refutou um por um todos os argumentos apresentados contra o privilégio de Maria Imaculada, e demonstrou pela Sagrada Escritura e escritos dos Santos Padres e com a sua irrefutável dialética que tal privilégio era condizente com a fé e por isso se devia atribuir à Mãe de Deus. Foi o triunfo mais clamoroso na célebre Universidade da Sorbona sintetizado no célebre axioma: Potuiti, decuiti, ergo fecil” (Deus podia concedê-lo, era conveniente, e portanto concedeu-o).
Morreu em Colónia, em cuja universidade lecionava, a 8 de novembro de 1308.
Todas as criaturas são, de alguma forma, semelhanças de Deus.