Construir Pontes de Esperança: A Missão de Acolher e Cuidar dos Migrantes

Construir Pontes de Esperança: A Missão de Acolher e Cuidar dos Migrantes

Em um mundo marcado por crises, desigualdades e deslocamentos forçados, a missão com os migrantes se torna expressão concreta do Evangelho vivido.

Frei Dildarlyson Evangelista da Silva, OFM

“Fui estrangeiro, e me acolhestes” (Mt 25,35): o chamado evangélico à hospitalidade e à fraternidade sem fronteiras.

A realidade migratória contemporânea interpela profundamente a consciência cristã e humana. Em um mundo marcado por crises, desigualdades e deslocamentos forçados, a missão com os migrantes se torna expressão concreta do Evangelho vivido: um chamado a acolher, proteger, promover e integrar. Mais do que uma ação assistencial, trata-se de um compromisso pastoral e ético com a dignidade da vida, construindo pontes onde o mundo insiste em erguer muros.

O acolhimento e a hospitalidade estão no coração dessa missão. Acolher não é apenas abrir as portas de um abrigo, mas oferecer um espaço de escuta, segurança e dignidade. É restaurar o sentido de pertencimento e a esperança de quem perdeu tudo. A hospitalidade, tão presente nas tradições religiosas, é um gesto que transforma tanto quem recebe quanto quem é recebido. Iniciativas que vão além do assistencialismo como aulas de idioma, rodas de convivência, capacitação profissional demonstram que o acolhimento verdadeiro gera autonomia, integração e novas possibilidades de vida.

A solidariedade é a força que sustenta essa caminhada. Ela não se reduz à doação de bens, mas se manifesta na partilha de tempo, afetos e experiências. É uma via de mão dupla, onde todos crescem. A convivência entre diferentes culturas e histórias enriquece o tecido comunitário e revela a beleza da diversidade humana. Parcerias entre comunidades de fé, organizações sociais, religiosas e a sociedade civil mostram que, unidos, é possível transformar realidades e semear fraternidade. Ser solidário é reconhecer no outro um irmão e deixar-se tocar por sua história.

No entanto, essa missão não se limita à caridade: ela exige compromisso com a justiça social e os direitos humanos. A migração forçada nasce, muitas vezes, da fome, da guerra e da exclusão. Por isso, defender o migrante é também lutar por um mundo mais justo. Garantir acesso à educação, saúde, trabalho digno e documentação é reconhecer que todos têm direito a uma vida plena. A pastoral com migrantes é, nesse sentido, um serviço evangélico e político: anuncia o Reino ao mesmo tempo em que denuncia as estruturas que negam a dignidade.

Por fim, é necessário reconhecer os desafios e as histórias de superação que marcam a vida dos migrantes. Muitos enfrentam o preconceito, a solidão, as barreiras do idioma e as dores da saudade. Mas também há testemunhos de coragem e recomeço, frutos da fé e do apoio recebido. Quando a missão oferece escuta, acompanhamento e esperança, ela se torna sinal do amor de Deus em meio às feridas do mundo. Cada migrante acolhido é uma semente de renovação para a comunidade que o recebe.

Em tempos de indiferença e fechamento, a missão com os migrantes recorda o essencial da fé cristã: o encontro com o Cristo presente no rosto do estrangeiro. Acolher, integrar e caminhar juntos é testemunhar o Evangelho vivo da misericórdia. Onde há hospitalidade, nasce fraternidade; onde há solidariedade, floresce a esperança; e onde há justiça, o Reino de Deus se faz presente.

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