Educafro Minas – Quarta edição do Café Preto

Educafro Minas – Quarta edição do <em>Café Preto</em>

A 4ª edição do Café Preto reafirmou o compromisso da instituição com o fortalecimento econômico, cultural e comunitário da população negra.

No dia 28 de novembro, a sede da Educafro Minas recebeu a quarta edição do Café Preto: Negritude, Cultura e Cidadania, um encontro marcado pela presença afetuosa de membros, apoiadores e parceiros da Rede Educafro Minas. O evento reuniu também microempreendedores da região, reforçando o compromisso da instituição com o fortalecimento econômico, cultural e comunitário da população negra.

A programação foi iniciada com uma mesa de explanação sobre o tema central da edição, composta por três convidados de destaque. Cada um deles que abordou, a partir de sua área de atuação, os eixos Negritude, Cultura e Cidadania.

Representando o eixo Negritude, Jessica Wrarne de Oliveira Coelho — filha de Cida e neta de Maria S. — trouxe importantes reflexões sobre identidade, resistência e direitos humanos. Advogada, Defensora Popular e Analista Social, Jessica atua na defesa de pessoas em situação de vulnerabilidade, com foco na prevenção à criminalidade e na proteção dos direitos das mulheres, sempre sob a perspectiva das intersecções entre raça, gênero e classe.

O eixo Cultura foi conduzido por Evandro Passos, comunicólogo graduado pela UFMG, pós-graduado em Estudos Afro-Brasileiros e Africanos pela PUC Minas, mestre em Artes Cênicas pela UNESP e doutorando em Dança pela UFBA. Com mais de quatro décadas de trajetória, Evandro estudou danças afro com a mestra Marlene Silva e realizou intercâmbio artístico na Costa do Marfim em 1996, aprofundando-se em danças tradicionais africanas. Reconhecido no Brasil e no exterior, compartilhou no evento a importância da “Dança Identidade” como ferramenta pedagógica e política.

O eixo Cidadania foi apresentado por Janaina Andrade dos Santos, mulher negra, assistente social, pesquisadora e mestranda em Memória Social pela UNIRIO. Coordenadora do Serviço Social da Rede Clarissas Franciscanas e pesquisadora do grupo “MANA – Movimentos Negroindígenas e Amazônia”, Janaina destacou a relevância da memória social, das interseccionalidades e da educação como pilares para a reconstrução de uma cidadania plena e antirracista.

A solenidade contou ainda com um momento especial: a vereadora de Belo Horizonte Iza Lourença entregou à Educafro um certificado de reconhecimento pelos 25 anos de atuação da Rede, destacando a importância histórica da educação popular no município. O documento foi recebido por Frei Luciano Brod, OFM, figura fundamental para a implantação e consolidação do projeto na Província Santa Cruz.

Em meio à celebração de sua trajetória, a Educafro Minas apresentou oficialmente um novo e significativo material didático. O Caderno de Negritude, Cultura e Cidadania, organizado por Thalisson Bomfim, SJ, foi lançado como um marco nos 25 anos da Rede. Concebido para uso exclusivo em sala de aula, o livro não possui caráter comercial e foi desenvolvido no Centro Franciscano de Defesa de Direitos, em Belo Horizonte.

A obra se destaca como resposta efetiva às Leis 10.639/03 e 11.645/08, indo além do cumprimento legal para se firmar como instrumento de letramento racial. Estruturado a partir da Pedagogia Freireana e inspirado na metodologia afetiva da Pedagogia Inaciana, o caderno trabalha quatro eixos essenciais — letramento racial, gênero, racismo ambiental e racismo religioso. Diferencia-se também por romper com o padrão editorial hegemônico, reunindo vozes plurais, sobretudo negras e periféricas, de diversas regiões do país.

Durante a apresentação, Thalisson Bomfim descreveu o material como “um ato político e profético”, reforçando a missão histórica da Educafro Minas de promover uma educação antirracista, plural e libertadora. Para ele, o caderno simboliza a consolidação de anos de luta, resistência e solidariedade dentro do movimento.

Encerrando a quarta edição do Café Preto, a sensação geral entre os presentes foi de celebração e renovação de compromisso. O encontro reafirmou o papel da Educafro Minas como espaço de formação crítica, de fortalecimento comunitário e de construção coletiva de um projeto educacional comprometido com justiça racial e cidadania plena.

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