Na vida de cada irmão e nas diferentes realidades provinciais, a exemplo de Francisco e Clara, deve ser observado o espírito de oração e contemplação.
Frei Oton da Silva Araújo Júnior, ofm
Entre os dias 4 e 7 de março de 2024, os guardiães das 14 fraternidades da Província Santa Cruz estiveram reunidos no Recanto São José, das Irmãs Franciscanas Alcantarinas, em Belo Horizonte, MG, para um momento de encontro e formação.
O assessor para os dois dias de reflexão foi o Frei Valmir Ramos, da Custódia do Sagrado Coração de Jesus, que refletiu sobre o tema da oração e da contemplação. Frei Valmir fez um itinerário a partir de Jesus como homem de oração, em seu contato íntimo com o Pai, sobretudo perante as grandes decisões da vida. Em sua intimidade com o Pai, Jesus nos revela a dimensão comunitária da fé ao ensinar os discípulos a rezar o Pai Nosso.
Em um segundo momento, o assessor relembrou Francisco e Clara como pessoas de oração. Destaca-se em ambos a dimensão trinitária da fé apresentadas nas orações que chegaram até nós, numa dimensão tu a tu.
Na vida de Francisco de Assis, percebe-se uma alternância entre a vida eremítica, de meditação, contemplação do mistério de Deus e a vida de pregação ativa, no contato com as pessoas. Estas não são dimensões que se contradizem, mas que se completam na vida de Francisco e inspiram igualmente os seus seguidores. Dessa forma, a vida franciscana se torna uma fraternidade contemplativa em missão, sempre com a capacidade de se admirar perante os mistérios de Deus.
Como exemplo dos nossos tempos de alguém de oração, Frei Valmir lembrou da pessoa do cardeal Dom Aloísio Lorscheider (+2007), que, sempre antes de um compromisso, passava na capela do Santíssimo para um momento de oração pessoal, mesmo que rápido.
Frei Valmir destacou ainda a dimensão da mística da contemplação, como a inserção nas questões sociais. E insistiu que a oração não muda a Deus, mas muda o orante, e ainda: “só pode falar de Deus quem fala com Deus”.
Na segunda parte da tarde do dia 6 de março, os frades guardiães fizeram a partilha de suas respectivas fraternidades colocando os demais a par dos desafios e das esperanças de suas fraternidades. Nas partilhas, foi ressaltado o cuidado pelos irmãos idosos, com a especificidade de cada um.
Na manhã do dia seguinte, o Visitador geral, frei Gustavo Medella esteve com os frades para apresentar sua proposta de visitas às fraternidades, que se iniciarão logo após o encontro de guardiães.
Segundo frei Gustavo, os frades guardiães devem ser guardiães das relações com Deus, com os outros e com a Casa Comum, sempre na dinâmica de passar do ‘bom’ ao ‘melhor’, de superar o provincialismo e nos fazer sentir pertencentes a uma Ordem presente no mundo todo.
Em seguida, os guardiães foram convidados a pensar sobre as maiores alegrias e desafios que encontram no ministério que desempenham em suas respectivas fraternidades. Dentre as partilhas, destacou-se a alegria pela confiança do Governo Provincial em poder exercer este serviço. O guardião, recordou frei Gustavo, deve ser o primeiro animador da vida fraterna, para isso, deve estar devidamente animado em sua vocação e missão.
Em seguida, a palavra foi dada à Comissão Preparatória do Capitulo, na pessoa do seu coordenador, frei Jacir de Freitas, que apresentou questões práticas referentes ao Capítulo Provincial, cujo tema será “Vocação: testemunho, acolhida e acompanhamento do frade menor diante dos desafios socioeclesiais”. E terá como Lema: “entrego-te meu povo para edificar, destruirás e plantarás” (cf. Jr 1,10).