Após dois anos de forma remota, Marcha retorna formato presencial
Idealizada no ano 2000, a Marcha Francisca completou este ano sua 22ª edição, desta vez de forma presencial. Após dois anos acontecendo de forma virtual devido a pandemia de Covid-19, a caminhada partiu no dia 16 de julho da Comunidade São Francisco de Assis, uma ex-colônia de hansenianos na cidade de Bambuí, e terminou no dia 23, em São Roque de Minas, na Nascente Histórica do Rio São Francisco.
O trajeto, como de costume, passou pelo Parque Nacional da Serra da Canastra, mas carregou uma importância diferente este ano. Isso porque o parque completa seus 50 anos de existência e trabalho pela ecologia e preservação ambiental. Por isso, o tema da Marcha carrregou consigo sua relevância histórica nessa edição: Serra da Canastra: baú de histórias e biodiversidade.
Nesta edição, o percurso foi avaliado como o mais dificíl dentre todos os outros anos. O caminho apresentou longos trechos descampados com alta exposição ao Sol, além do excesso de poeira e fluxo contínuo de caminhões pesados em alguns trechos, visto ser uma área de exploração de agronegócio.
Apesar das dificuldades, Deusa Nunes participa da peregrinação desde 2003, e afirma que todos os anos são únicos, o que a faz se surpreender cada vez mais com a Marcha. “É incrível como a equipe de coordenação organiza tudo. É tudo maravilhoso, desde o nascer do Sol. Só quem viveu sabe”, diz.
Entre os principais objetivos, a Marcha proporcionou momentos de intensa reflexão aos participantes, acolhendo o diverso e respeitando a natureza, ações que retomam as iniciativas de São Francisco e Santa Clara de Assis. Relembrando também o abraço de São Francisco a um hanseniano, a Marcha voltou seus olhares às boas práticas e exigiu humildade de seus caminhantes, para a vivência de dias simples. Esta foi uma nova forma de abraçar a todos que atravessaram e acolheram os caminhos da Marcha.
Esta edição também foi a sétima Marcha Franciscana do Frei Renieverton Telles. Para ele, a caminhada é sempre uma oportunidade de se reconectar com a natureza e reencontrar amigos. “É o lugar do encontro, de narrativas de esperança e sobretudo da vivência da fé”, compartilha.
O percurso contou com a presença de 100 participantes e contabilizou 104 km de caminhada no total, divididos em jornadas de 12 a 32 km por dia.
A Marcha é organizada pelos Frades Franciscanos da Província Santa Cruz, o Centro Franciscano de Defesa dos Direitos (CEFAD), os franciscanos (as) da Ordem Franciscana Secular, a Juventude Franciscana (JUFRA), os (as) amigos (as) de São Francisco e simpatizantes do carisma franciscano.
“Muito mais do que uma caminhada, a Marcha é uma peregrinação espiritual”
Deusa Nunes
Texto: Texto: Maria Beatriz Aquino / CEFAD