A Igreja, para além das instituições que a sustentam, é sinal evidente do Reino.
Terminou nesta sexta-feira, 10 de novembro, o 1º Congresso de Irmãos Leigos da nova Conferência Franciscana do Brasil e Cone Sul, reunindo 30 frades desde o dia 5/11 no Convento São Francisco, na região central de São Paulo.
O Ministro Provincial da Província Franciscana da Imaculada Conceição, Frei Paulo Roberto Pereira, presidiu a Eucaristia neste encerramento dos trabalhos, festa de São Leão Magno e, na sua homilia, deixou algumas provocações, abrindo com isso o momento de partilha e avaliação do evento que se seguiu após a celebração.
“A Igreja, para além das instituições que a sustentam, é sinal evidente do Reino. Tristemente foi se perdendo essa compreensão e por isso, então, nós resistimos à institucionalização. E aqui eu quero com muita fraternidade oferecer uma possibilidade de reflexão para a vida religiosa, para os consagrados que não são presbíteros, mas são dons da Igreja para a Igreja”, abriu a reflexão Frei Paulo.
“A mim assusta, volta e meia, quando essa relação não é bem vivida, então, Igreja é coisa de padre? Nós, irmãos não temos nada a oferecer? Parece que é um demérito. Então, se a gente recorda a Conferência de Aparecida, quando fala sobre as paróquias, insiste nisso. A paróquia, herança colonial, a paróquia que chegou a nós como imposição dos evangelizadores europeus, deve ser sempre nova e nos cabe para chegarmos onde o Evangelho precisa ir como diz São Paulo na primeira leitura. Então, que a gente vença essa resistência a partir da ideia de que, se nos é dado o cuidado apostólico, se nós é dado o método de evangelização, que supõe missões eclesiais e paróquias, como nós, que não somos presbíteros, como nós que sendo presbíteros sabemos que nossa identidade primeira é a fraternidade, como nós podemos estar nesses lugares tradicionais?”, disse Frei Paulo, como a primeira provocação.
Depois, citando o Evangelho, lembrou que a história do mau administrador (Lucas 16,1-8), contada por Jesus é bastante controversa. “Alguns trechos, aliás, do Evangelho nos desconcertam porque parece que elogiar o desonesto não é tão virtuoso assim. Então isso eu também trago como provocação”, indicou o celebrante. “Inicialmente ele reconhece as suas próprias fragilidades. A primeira ideia é o reconhecimento das próprias fragilidades, reconhecimento das próprias limitações: ‘Sou fraco, tenho vergonha, eu não vou conseguir’. Reconhecer as fragilidades é o primeiro passo para que a gente descubra estratégias para efetivamente viver. Porque o que está em jogo ali é isso: como eu vou viver, como eu vou dar sentido ao meu levantar-se e ao meu deitar-se. Então, nesse intervalo de vigília, o que eu devo ser, o que eu devo fazer? Quais as opções que eu devo eleger? Então essa é a proposição que sobra do Evangelho, e nós temos a graça da inteligência: viver inteligentemente é o que nos distingue de todas as demais criaturas. Este é o dom que nós recebemos”, explicou, pedindo para ouvir esse trecho do Evangelho como um convite.
“Eu tenho certeza que nós, reunidos esses dias aqui em São Paulo, pudemos olhar para isso, as debilidades das nossas instituições, as debilidades dos nossos relacionamentos, as fragilidades da nossa forma de nos organizarmos. Tendo visto essas fragilidades, a pergunta é essa: quais opções inteligentes nós podemos fazer para viver. Nunca nos faltará a graça do Senhor”, concluiu.
Às 10 horas, os frades seguiram para Guaratinguetá, a terra de Frei Galvão no Vale do Paraíba (SP), onde chegaram para o almoço no Postulantado Frei Galvão, quando foram recepcionados pelo guardião Frei João Francisco da Silva. Ali, puderam conhecer a estrutura da casa de formação e o local que é o Centro de Acolhida dos Romeiros que vêm a Aparecida e Guaratinguetá, que atualmente está com três exposições: uma Franciscana e vocacional, uma de presépios homenageando Greccio 800 anos e uma sobre os títulos de Maria. Na sequência, os frades foram até o Santuário Frei Galvão, onde está a nova Fraternidade da Província da Imaculada, cuidando e divulgando do carisma franciscano. O passeio terminou no “colo da Mãe de Deus”, em Aparecida, a Padroeira do Brasil.
Fonte: https://franciscanos.org.br