Evane de Oliveira Medeiros

Nos dias 15 e 16 de novembro, representantes da Rede Franciscana de Migrantes participaram do Encontro Rede Clamor Brasil, no Centro Cultural de Brasília, que teve como tema: Caminhar juntos na acolhida, proteção, promoção e integração: a missão da Rede Clamor Brasil na realidade da mobilidade humana atual. O evento promoveu ricas reflexões sobre os desafios enfrentados por migrantes, refugiados e vítimas de tráfico humano, bem como sobre a missão da igreja diante da mobilidade humana a partir do ministério dos papas Francisco e Leão XIV.

Essa iniciativa possibilitou a troca de experiências locais de acolhimento e integração, além da proposição de caminhos de incidência e fortalecimento da Rede Clamor. Entre as diversas reflexões importantes, o depoimento da migrante e expositora na Mesa de Abertura Diana Ysabel Gil foi emblemático. A partir de sua experiência, ela enfatiza que é fundamental não infantilizar as pessoas adultas e incluir a escuta das crianças no processo de acolhimento e assistência ao público em mobilidade humana.

Durante as discussões e partilhas, destacou-se a importância de se pensar, continuamente, em estratégias para a superação da barreira do idioma. Nesse sentido, a experiência realizada, em Brasília, de ensino da Língua Portuguesa para venezuelanas empreendedoras com foco na comercialização de seus produtos, por meio do projeto de extensão universitária Balcão do Refugiado do curso de Relações Internacionais mantido pelo Centro Universitário de Brasília (Ceub), demonstrou a relevância de se adequar um serviço a uma demanda específica, sempre que possível. Outro exemplo de boa prática foi apresentado pelo Instituto +58, que visa capacitar policiais militares sobre a documentação específica de migrantes e refugiados exigida pelo governo brasileiro. Essa ação contribui para que a abordagem policial desse público seja adequada e mais humanizada.

Esses exemplos são uma pequena mostra do resultado desse evento que renovou a esperança em cada um dos participantes, os quais contagiarão suas respectivas instituições, ampliando, assim, a força da Rede Clamor. O encontro culminou com uma belíssima celebração eucarística que contemplou as temáticas Dia Mundial do Pobre e Dia Nacional da Consciência Negra nos ritos litúrgicos, entre estes, o ato penitencial que foi cantado no idioma africano Swahili.