Pedro de Alcântara viveu uma existência marcada pela radicalidade evangélica
Irmã Jaiara Da Silva Nogueira – Franciscana Alcantarina
A história da Igreja é marcada por figuras que, por meio de uma vida profundamente enraizada no Evangelho, promoveram reformas e despertaram novos rumos espirituais dentro da vida consagrada. Um desses grandes nomes é São Pedro de Alcântara, nascido João Garavito, cuja existência foi marcada por uma intensa vivência da radicalidade evangélica. Este artigo busca apresentar um breve perfil biográfico e espiritual desse santo, destacando sua contribuição à reforma franciscana e sua influência sobre outras ordens religiosas, especialmente sobre Santa Teresa de Ávila.
João Garavito nasceu em 1499, na cidade de Alcântara, na Espanha. Após concluir seus estudos em Direito na Universidade de Salamanca, ingressou na Ordem dos Frades Menores, sendo ordenado sacerdote. Desde cedo, destacou-se pela busca de uma vida mais austera e próxima da Regra original de São Francisco de Assis. Em 1554, obteve autorização para conduzir uma reforma rigorosa da Ordem, surgindo assim os chamados Alcantarinos, ramo franciscano que propunha uma observância mais estrita da Regra.
Pedro de Alcântara viveu uma existência marcada pela radicalidade evangélica:
praticava penitências severas, jejuava com frequência, dormia pouco e dedicava-se constantemente à oração. Sua espiritualidade centrava-se na Paixão de Cristo, sendo essa a base de sua vida ascética e mística. Em seus escritos, deixou o testemunho dessa profunda união com o sofrimento redentor de Jesus, visando uma perfeita configuração a Ele.
Mais do que reformador da Ordem Franciscana, Pedro de Alcântara exerceu influência direta sobre outras ordens religiosas. Sua amizade e orientação espiritual a Santa Teresa de Ávila foram fundamentais para o processo de reforma do Carmelo. Teresa o considerava um verdadeiro santo já em vida e atribuía à sua intercessão muitas graças recebidas.
Apesar de suas pregações serem simples, tocavam profundamente o coração dos fiéis. Pedro de Alcântara era um homem de coração humilde e profundo zelo apostólico. Em sua busca incessante de perfeição evangélica, tornou-se um modelo de penitência, caridade e desapego total dos bens terrenos. A ele também são atribuídos dons místicos como curas, multiplicação de alimentos e êxtases espirituais.
Pedro de Alcântara faleceu em 18 de outubro de 1562, em Arenas, próximo a Ávila, Espanha. Foi beatificado em 18 de abril de 1622 pelo Papa Gregório XV e canonizado em 28 de abril de 1669 pelo Papa Clemente IX. Em reconhecimento à sua importância espiritual e missionária, foi proclamado padroeiro do Brasil em 1826 pelo Papa Leão XII, tornando-se símbolo da espiritualidade franciscana e da busca de santidade no contexto do Novo Mundo.
São Pedro de Alcântara representa um exemplo luminoso de fidelidade ao Evangelho e à Regra de São Francisco. Sua vida austera, mística e profundamente evangélica influenciou gerações e inspirou importantes reformas dentro da Igreja. Sua amizade com Santa Teresa de Ávila e seu papel como orientador espiritual são testemunhos de seu profundo discernimento e autoridade espiritual. No contexto atual, sua figura continua a inspirar os que buscam uma vida de maior intimidade com Deus, marcada pela oração, penitência e caridade.
Tanto assim que no ano 1870 surgiu em Castellammare di Stabia, Província de Nápoles, Itália, as Irmãs Franciscanas Alcantarinas. A partir da contemplação do Padre Vicenzo Gargiulo, ao sofrimento do povo a sua volta, que reagi vigorosamente com sede de libertá-los e promovê-los, empregando toda a sua energia e vitalidade, para oferecer às ovelhas perdidas da casa do Pai “Água Vida”
Assim nasce as Alcantarinas que são, não mulheres atarefadas com muitos serviços e nem monjas contemplativas, mas “consagradas alcantarinas” dispostas a doar-se pelos irmãos e irmãs sempre depois subirem ao monte e ter com o Mestre.