“Aprendei a fazer o bem, procurai a justiça. ” (cf. Isaías 1,17)
Não é possível falar em unidade da igreja e entre as igrejas sem assumir o racismo como um dos principais pecados geradores de divisão. Enquanto não conversamos sobre o racismo e não assumirmos compromissos concretos para superá-lo, seremos igrejas divididas.
Entre os dias 21 a 28 de maio ocorreu a semana de oração pela unidade cristã, marcada por momentos fortes de partilha, roda de conversa e de celebrações ecumênicas.
Neste ano, a semana foi assumida pelas igrejas cristãs para denunciar o racismo que gera dor e morte a tantas filhas e filhos de Deus.
A Semana de Oração pela Unidade Cristã é promovida mundialmente pelo Pontifício Conselho para promoção da Unidade dos Cristãos e pelo Conselho Mundial de Igrejas. No Brasil, acontece sempre na semana que antecede a festa de Pentecostes e é coordenada pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC).
O tema que inspira a Semana de Oração pela Unidade Cristã, edição 2023, foi escolhido e preparado por um grupo ecumênico dos Estados Unidos da América, a convite do Conselho de Igrejas de Minnesota. Este grupo foi composto por pessoas ecumênicos, ativistas em direitos humanos, algumas delas pastores/as em comunidades e congregação, outras não. O grupo foi acompanhado por outro grupo internacional integrado pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade Cristã do Vaticano e pela Comissão Fé e Ordem do Conselho Mundial de Igrejas.
Minnesota caracteriza-se, historicamente, pela profunda disparidade racial. Entre as inúmeras violências racistas, destaca-se a ocorrida do dia 26 de dezembro de 1862, quando 38 pessoas da etnia indígena Dakota foram enforcadas em Mankato, e onde foi assassinado George Floyd, em 25 de maio de 2020, após ter o pescoço pressionado pelo joelho do policial Derek Chauvin, em Mineápolis, por 9 minutos e 29 segundos.
É por isso que nossos irmãos e irmãs de Minnesota nos alertam, a partir de suas experiências, que não é possível falar em unidade da igreja e entre as igrejas sem assumir o racismo como um dos principais pecados geradores de divisão. Enquanto não conversamos sobre o racismo e não assumirmos compromissos concretos para superá-lo, seremos igrejas divididas.
O Conselho de Igrejas de Minnesota nos convoca à reflexão sobre os desafios que precisamos enfrentar, para que o testemunho de fé em Jesus Cristo seja antirracista. Como igrejas, temos o desafio de olhar para nossa história a fim de realizar a crítica da relação instrumentalizada entre a fé cristã e o colonialismo. Ao longo da história, essa relação nada evangélica legitimou, com argumentos teológicos, a escravização de povos originários e africanos.
Em unidade com todas as pessoas cristãs e de boa vontade, atentos ao sopro do Espírito de amor e ternura, possamos a cada dia de nossas vidas sermos antirracistas e denunciarmos tudo o que divide e provoca a morte da criação e das filhas e filhos de Deus.
Em Belo Horizonte, os eventos ocorreram em diferentes igrejas, marcando a unidade cristã como vínculo do amor derramado em nossos corações.