II Assembleia Geral da Conferência do Brasil e do Cone Sul: “Como Irmãos Menores, com todas as criaturas, peregrinos da esperança.”
Entre os dias 26 e 29 de março de 2025, acontece a II Assembleia Geral da Conferência do Brasil e do Cone Sul, em San Antonio, Córdoba, Argentina. Cerca de 80 frades participam do encontro, sendo Ministros e Custódios, Secretário de Evangelização, Moderador das Missões, Animador JPIC, Animador Pastoral Educacional, Secretário de Formação e Estudos, Moderador da Formação Permanente, Coordenador do Cuidado Pastoral das Vocações e Secretários provinciais.
A Província Santa Cruz está representada pelo Ministro Provincial, Frei Vicente Paulo do Nascimento, o moderador da Formação Permanente, Frei Vicente Ronaldo da Silva, Frei Vitor Vinicios da Silva, pela Educação, Frei Oton da Silva Araújo Júnior, Formação e Estudos, Frei Valter Pinto Vieira Júnior, secretário provincial, Frei Jhonatan Luiz, Pastoral Vocacional, Frei José Aguinaldo Querobino, Secretariado de Missão e Evangelização e Frei Carlos Alexandre da Silva Lima, animador do JPIC.
Frei Daniel Alejandro Fleitas Zeni, presidente da Conferência recepcionou os confrades nos termos que segue:
Caríssimos Irmãos Ministros e Custodios! Fr. Cesar Kulmkamp Definitor Geral. Fr. Antonio Iacona, Secretário Geral. Irmãos animadores de nossas entidades. Sejam muito bem-vindos à nossa Assembleia Ampliada, sejam bem-vindos à Argentina. Desculpas pelo frio e umidade neste clima de outono.
No contexto do Jubileu da Esperança e da celebração do centenário do Cântico das Criaturas de Francisco de Assis, a nossa assembleia é um cântico de ação de graças, expressão de nova fraternidade que procura ser motivo de esperança para o nosso povo.
Esta Assembleia Ampliada, na experiência de animação de ambas as conferências anteriores, celebra hoje seu 3º aniversário. Encontros, partilhas, escuta, conhecimento e acolhida à nossa fidelidade de irmãos nos diversos cantos dos nossos países, Chile, Brasil, Paraguai e Argentina.
Estas eram as preocupações que tínhamos antes do nascimento deste espaço de animação da Ordem. Era preciso conhecer-nos e reconhecer a riqueza das nossas histórias, a riqueza das nossas identidades. Também procuramos acompanhar uns aos outros em nossas fraquezas, limites e fragilidades.
A Conferência é um espaço de comunhão e colaboração entre Ministros e Custódios e, como tal, das nossas identidades. O desafio é precisamente uma colaboração que nos comprometa, que nos saque autorreferencialidade de província ou custódia, que nos encoraje a pensar como Ordem, como parte de um projeto que vai além da riqueza da Nossa Entidade.
Pensar em nós mesmos como Ordem quer dizer, ser protagonistas, de um único projeto evangelizador carismático. Nossas entidades são herdeiras de histórias e identidades, hoje somos chamados à comunhão, à sinodalidade, à correspondência. Somos convidados a sair de nossas autonomias para nos entregarmos a uma nova forma de animar a Ordem em nossos países. Quando uma entidade sofre, todos nós sofremos; quando uma entidade celebra, todos nós celebramos. Não existe uma entidade melhor do que outra, mas sim conquistas, sucessos de irmãos com os quais todos nós enriquecemos e aprendemos. Somos a harmonia de um único carisma na sinfonia das singularidades.
Teremos de continuar a reforçar a nossa comunicação, a nossa interdependência. Este encontro é um tempo de graça, uma oportunidade para renovar o nosso compromisso com o Evangelho, o nosso estilo de vida de irmãos e menores. Que estes dias sejam um espaço de encontro, escuta recíproca e discernimento fraterno.
Que o espírito de São Francisco nos inspire a viver com simplicidade, humildade e alegria, sendo testemunhas do que Deus faz em nossas vidas. Que a nossa fraternidade seja um sinal de esperança e um farol de luz no meio das escuridões do nosso tempo. Que sejamos sinal de fraternidade, de reconciliação, de diálogo, espaço de comunhão onde seja possível viver com a diferença.
Nesta hora da Igreja, há um apelo a aguçar o olhar para contemplar a realidade e aguçar os ouvidos para poder escutar o espírito que não deixa de gemer nos gritos e complexidades da história, nos rostos e feridas dos mais pobres. O chamado é para sair, abandonar aquelas condições de conforto, de paralisia em que nos entrincheiramos, como crentes ou irmãos menores. Neste momento crucial da Igreja, nesta mudança de era em que a Igreja vê seu futuro em jogo, devemos nos abrir é para um novo capítulo de nossa biografia.
É necessário abrir-nos ao espírito da sinodalidade, à conversão necessária para o protagonismo do espírito, que ajude-nos crescer na centralidade em Jesus e ouvir a realidade. É urgente a conversão pastoral, de repensar e projetar uma pastoral em chave missionária, de irmãos e menores, nesta Igreja que está passando do paradigma da cura da alma para o da evangelização. A missão é a transição de uma igreja de serviço para uma igreja que serve ao mundo e às necessidades concretas de homens e mulheres. Este caminho sinodal pressupõe a conversão.
Irmãos, cabe a nós sermos uma narrativa credível do que a sociedade espera ler em cada um de nós e isso diante do serviço. A missão é gerar aquela dinâmica necessária de relação, de encontro em complementaridade e reciprocidade. E isso requer conversão, transcender o individualismo. Todos nós podemos cair na tentação da suficiência que limita-nos de sair de nós mesmos e a nos dispor como discípulos e missionários para encontrar os outros. Pôr-se a caminho com os outros neste hoje da Igreja leva-nos, a construir juntos, a partir da experiência de uma espiritualidade autêntica e conscientes que, pelo dom de nossa vocação que escolhemos livremente, somos chamados a contribuir para a configuração de uma Igreja mais sinodal, na qual, de maneira especial, seja necessária e significativa a presença e a missão dos leigos, das mulheres, dos pobres e de todos os sujeitos emergentes historicamente excluídos. Trata-se de entrar numa dinâmica de conversão, num processo de escuta, de reflexão, de discernimento, que tem como único objetivo tornar a Igreja cada dia mais fiel, mais disponível, mais ágil, mais transparente, para poder anunciar a alegria do Evangelho.
O desafio é “reconstruir minha igreja”, reformar a igreja, que acontece por meio da reforma das próprias atitudes. Devemos ser realistas, mas sem perder a alegria, a audácia, a dedicação esperançosa. Não podemos permitir-nos que nos roubem a esperança missionária. Somos convidados a um transbordamento místico que leve-nos à caminhada, porque nossa identidade é a de caminhantes. Sempre temos que caminhar, mas neste momento da história temos que fazer uma romaria em duas direções. Fazer uma romaria ao interior sem trégua, crescer em profundidade, crescer na face a face, na intimidade, na oração, na contemplação, no vínculo com o nosso Deus. E fazer uma romaria ao exterior sem escusa. Não tem desculpa válida, nem sou muito velho, nem tenho artrite, nada disso. Romaria ao exterior sem escusa. São tantos e tão diversos gritos de nosso Deus na complexidade desta realidade, que o nosso grito tem que ser o caminho.
O Ministro Provincial Frei Vicente Paulo do Nascimento fez a apresentação da Província Santa Cruz e foi acolhido com uma salva de palmas ao se apresentar como um Irmão Provincial.


