Um Ano Novo feliz

Um Ano Novo feliz

Que o Príncipe da Paz nos ensine novamente a sermos pessoas da paz e do bem. Felizes, no Ano Novo.

Frei Oton da Silva Araújo Júnior, OFM

As celebrações de fim de ano cumprem determinados ritos, feitos de encontros, promessas, previsões, expectativas. Numa das faixas da conhecida coletânea Filtro Solar, narrada por Pedro Bial e outros artistas, – que, inclusive completou vinte anos (2003) – há uma referência ao carnaval como sendo “esta oportunidade praticamente obrigatória de ser feliz com data marcada”. Pois com as festas de fim de ano não é diferente. 

Pela TV aprendemos que Réveillon de verdade tem de ser à beira mar, pulando sete ondas, abrindo Champagne (viva o francês!). Curioso é que este cenário de verão se contrasta com a imagem de inverno da semana anterior, com neve, roupas quentes, mesmo que, na verdade estivéssemos assados por um calor medonho. Fora isso, fogos, muitos fogos, para desespero dos caninos e outras criaturas de quatro patas.

Mas nem tudo são flores. Mundo afora a realidade não é nada animadora. Os conflitos em diversas partes do mundo deixam incontável número de famílias à mercê de líderes que não estão nos campos de batalha, e que certamente brindarão com os seus a chegada de um novo ano, farão augúrios de prosperidade, enquanto lá fora, sua gente vive na insegurança, na dor e no abandono.

Mas a efeméride do Ano Novo não deixa de nos embalar. O sentimento de renovação, de novas oportunidades, de bons propósitos nos povoa e faz caminhar.

Nos primeiros dias desse “novo tempo que começou” ainda vamos errar o ano ao colocarmos a data em certos papéis (antigamente, errávamos ao preencher um negócio chamado cheque). Isso é a prova de que o ano virou, mas o ano passado continua conosco e nos acompanhará por mais um tempo. Podemos ter a sensação de que tudo será novo, de que “daqui pra frente tudo vai ser diferente”, mas não é bem assim. A natureza não dá saltos, já diziam os antigos.

Francisco, o Papa do Fim do Mundo, insiste na esperança. “Não deixemos que nos roubem a esperança!” dizia na Evangelii Gaudium (n.86). Na Fratelli Tutti, documento que inspira a Campanha da Fraternidade de 2024, diz: “Convido à esperança, que nos fala duma realidade que está enraizada no mais fundo do ser humano, independentemente das circunstâncias concretas e dos condicionamentos históricos em que vive. Fala-nos duma sede, duma aspiração, dum anseio de plenitude, de vida bem-sucedida, de querer agarrar o que é grande, o que enche o coração e eleva o espírito para coisas grandes, como a verdade, a bondade e a beleza, a justiça e o amor. (…) Caminhemos na esperança!” (n.55).

Sejamos a diferença que queremos ver no mundo. Usemos modelitos que não simplesmente atraiam, mas que exalem a bondade que desejamos. Mais que ondas, tenhamos a capacidade de saltar sobre os desafios que aparecerem. 

Ao concluir sua Mensagem pelo Dia Mundial da Paz de 2024, Francisco exorta que a paz “não é responsabilidade de poucos, mas da família humana inteira. De fato, a paz é fruto de relações que reconhecem e acolhem o outro na sua dignidade inalienável, e de cooperação e compromisso na busca do desenvolvimento integral de todas as pessoas e de todos os povos”. 

Que o Príncipe da Paz nos ensine novamente a sermos pessoas da paz e do bem. Felizes, no Ano Novo.

Foto: fotos grátis – www.pexels.com

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