“Francisco [de Assis] rompeu a casca do ovo dentro do qual a maioria dos homens passa a vida inteira e se voltou para o mundo inteiro que o cercava, abraçando-o com um olhar de ternura e dialogando com ele” .
“Francisco [de Assis] rompeu a casca do ovo dentro do qual a maioria dos homens passa a vida inteira e se voltou para o mundo inteiro que o cercava, abraçando-o com um olhar de ternura e dialogando com ele” (frei Raniero Cantalamessa).
No ano da graça de 2025, Jubileu Ordinário da Esperança, Oitavo Centenário da Composição do Cântico das Criaturas, Dez anos da publicação da Carta Encíclica Laudato Si’, Cinco anos da publicação da Carta Encíclica Fratelli Tutti e ano em que o Brasil sedia a COP30 das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas, os frades pós-noviços da Província Santa Cruz, da Província do Santíssimo Nome de Jesus, da Custódia do Sagrado Coração de Jesus e da Custódia das Sete Alegrias de Nossa Senhora se reuniram para aprofundar-se, através dos estudos, na espiritualidade franciscana e para revigorar os laços de convivência que nos fazem todos irmãos e menores.
Contando com a assessoria de frei Marcelo Borges, OFMConv e de frei Odécio de Souza, OFM, além da pródiga hospitalidade dos frades da Província Santa Cruz, estabeleceu-se, no Seminário Santo Antônio em Santos Dumont – MG, um tempo kairológico para o aprofundamento na vida de São Francisco de Assis e no pensamento franciscano. Num primeiro momento, frei Marcelo percorreu conosco o caminho de vida, conversão e amadurecimento de Francisco de Assis até alcançar o contexto biográfico que ensejou a composição do Cântico das Criaturas, bem como analisou conosco a profundidade do conteúdo apresentado pelo Santo de Assis nessa oração tão singular. Frei Marcelo arrematou esse caminho de aprofundamento, refletindo sobre a reverberação, que acontece hoje, da reflexão ecológica, integrando o cuidado da Casa Comum com o cuidado da “Casa Interior” (o coração) e salientando que somente a unidade entre esses dois aspectos impede o franciscanismo de se tornar “ecologismo” vazio e superficial.
Num segundo momento, frei Odécio expôs o desenvolvimento do pensamento franciscano, desde o companheiro das primeiras horas [Santo] Antônio, passando pelo Doutor [São] Boaventura e pincelando aspectos do pensamento de [Beato] Duns Scotus. Ao enfatizar que as maiores mudanças no curso da história da humanidade aconteceram na esteira de eventos naturais e geológicos e tendo origem nas periferias, frei Odécio enfatizou a importância do pensamento metafísico e místico franciscano para que a espiritualidade do Pobre de Assis não seja reduzida a assistência social.
Em meio aos momentos de estudo, de profunda oração e de integração entre os frades das diversas instituições, com todo o cuidado para que esse estudo se radicasse em nossas vidas e vocações, frutificando e não deixando perder o santo “espírito de oração e devoção”, encerramos essa Jornada um pouco mais próximos do que frei Marcelo define como vocação: “sentir-se profundamente amado”. E na alegria de ter convivido com tantos irmãos, num lugar de natureza tão bela, somos capazes de fazer coro também com frei Marcelo, acrescentando ao Cântico do Irmão Sol um último verso: “louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão Francisco de Assis”!