Experiência Amazônia pelo olhar do Frei Jhonatan Luiz

Experiência Amazônia pelo olhar do Frei Jhonatan Luiz

Chegando à comunidade de Aracampina, a comitiva dos frades foi acolhida calorosamente pelas crianças, jovens e adultos da comunidade que saudaram os frades visitantes com um caloroso “Paz e Bem”.

Frei Jhonatan Luiz, OFM

Às 7h da manhã do dia 30 de abril de 2024, os frades que estão vivenciando a “Experiência Amazônia” iniciaram seu segundo dia de atividades com visita à comunidade ribeirinha de Aracampina, no Ituqui, um braço do Rio Amazonas, abaixo de Santarém do Pará. Depois de tomarem o café da manhã e preparar as “capangas”, os frades seguiram em direção às margens do Rio Tapajós, onde tomaram o barco que os conduziu até a comunidade.

Acompanhados por o frei Wagner e pelo Sr. Renan Rocha, os frades ficaram admirados, já no início da viagem, com a grandiosidade dos rios que cortam a cidade de Santarém e com a beleza das florestas que a cercam. No caminho de ida o frei Wagner e o Renan (membro da pastoral dos pescadores) fizeram um breve histórico da realidade política, econômica e social da cidade de Santarém para os frades que estão vivenciando a “Experiência Amazônia”. Renan pontuou ainda a crescente dificuldade das comunidades tradicionais em ter acesso à cidade, visto que os antigos portos presentes na cidade estão sendo destinados as grandes embarcações.

Chegando à comunidade de Aracampina, a comitiva dos frades foi acolhida calorosamente pelas crianças, jovens e adultos da comunidade que saudaram os frades visitantes com um caloroso “Paz e Bem”. A comunidade também preparou um delicioso café com receitas típicas da região. Logo depois do café, os frades e os membros da população local tiveram um momento de partilha no qual os membros da comunidade partilharam um pouco de suas Conquistas e desafios enquanto ribeirinhos.

Nessa conversa, nossos confrades tiveram a oportunidade de ouvir da boca de quem vive na concretude da realidade o que a teoria lhes tinha apresentado no dia anterior e na viagem até a realidade.  Junto à população local, os freis almoçaram e descansaram por um momento. Depois seguiram para visitar as casas e ouvir uma pouco mais sobre as realidades dos nosso irmão e irmãs.

No regresso para Santarém, já no barco, os frades fizeram um momento de oração para agradecer a Deus pela oportunidade de vivenciar esse momento. A palavra que foi mais repetida no momento de ressonância, após a leitura do evangelho, foi Gratidão. Gratidão a Deus por nos conceder esse momento, Gratidão aos frades do Custódia por aceitarem essa missão e Gratidão a cada irmão e irmã por compartilhar sua vida conosco. A Experiência Amazônica está só começando, os frades ainda têm muito para ver, mas até aqui é perceptível a gratidão nos olhares dos nossos irmãos.

O terceiro dia de atividades do grupo de frades que estão fazendo a Experiência Amazônia foi marcado com um momento inicial de oração e contemplação seguido por uma partilha das impressões, dos sentimentos e das marcas deixadas depois da visita a comunidade ribeirinha de Aracampina.

Os frades partilharam o sentimento de indignação que sentiram ao saber, da boca dos membros da comunidade, a dificuldade no acesso a saúde e educação. Nossos irmãos se encantaram com a fala de uma jovem de 16 anos, que está terminando o ensino fundamental e ingressará no ensino médio logo. Ela Dizia: “se eu pudesse ficaria aqui na comunidade com minha mãe, meus amigos e meus cavalos, mas aqui não tem como eu continuar meus estudos, por isso vou ter que ir a Manaus para concluir meus estudos. Mas logo que terminar eu volto”. A forma como a jovem falou deixa a bem explícito seu amor por aquele lugar e seu desejo de continuar sua vida ali.

Na fala dos frades, outro momento marcante foi a roda de conversa inicial feita com os membros da comunidade e depois as visitas feitas as casas. Nestes momentos, os confrades dizem que puderam ver o ardente desejo de preservar o lugar onde residem e o amor pelo território amazônico estampado no rosto das pessoas que falavam.

Ainda na parte da manhã, os fades que estão fazendo a experiência conversaram com Carlos Jaime (Agente de Pastoral da Paróquia Cristo Libertador) e Ângela Tereza (Coordenadora das CEB’s na Arquidiocese de STM), que falaram como é a atuação das Comunidades Eclesiais de Base no país, na região e na paróquia onde vivem. É importante ressaltar a grande articulação e atuação que as CEBs têm na vida dessa comunidade.

Na parte da tarde, os frades tiveram uma conversa com o Comitê local da REPAM (Rede Eclesial Pan-Amazônica), que abordou um pouco sobre as necessidades urgentes da região amazônica, sua atuação enquanto rede e as discussões que estão sendo levantadas no contexto da cidade de Santarém. Depois de uma tarde de debates e aprendizados, os frades se dirigiram à comunidade São José Operário, da Paroquia Cristo Libertador, para participar da eucaristia em honra a São José. Na comunidade, foram calorosamente acolhidos por seus membros que logo após a celebração fizeram um delicioso jantar para nossos irmãos.

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