Uma vocação inspirada em São Francisco de Assis

Uma vocação inspirada em São Francisco de Assis

Era uma capela de Santo Antônio, e sempre gostei muito daquela imagem de Santo Antônio que havia lá.

Os primeiros passos da vida sacerdotal de Dom Claudio Hummes começaram quando ele tinha 17 anos. Foi neste período que o jovem Aury Afonso Hummes (nome de registro) decidiu entregar sua vida inteiramente a Deus. 

A escolha de seguir os ensinamentos de São Francisco de Assis (1182-1226) veio muito antes, aos 9 anos de idade, quando o pequeno Aury se viu encantado pelas vestes franciscanas.

“Eu me lembro de ver os jesuítas saírem lá de cima do seminário e passarem pela propriedade que era mais embaixo. Pegavam muitas frutas e tinham contato com a comunidade”, recordou Dom Cláudio, em entrevista ao IHU on-line em 2016, quando recordou que a Companhia de Jesus mantinha um seminário denominado Colégio Santo Inácio no local onde moravam. 

“Minha mãe era muito devota de Santo Inácio”, recorda, mas seguir a vida com os franciscanos aconteceu após vê-los mais de perto. “Um dia passou por lá um franciscano, Frei Olímpio Reichert. Ninguém jamais tinha visto um franciscano na região e ele foi à minha escola. Era um homem de fala muito agradável, e perguntou quem queria ser padre”, recordou Dom Cláudio na mesma entrevista. 

“O meu pai gostou muito dele e eu, ainda muito criança, me encantei com ele. O pai ficou satisfeito porque gostou dele, estava decidido”, prosseguiu. “Fazendo um exame de consciência para entender por que será que me encantei com aquele franciscano, eu me lembrei de uma capela que havia numa comunidade ali perto, em Linha Bonita. Era uma capela de Santo Antônio, e sempre gostei muito daquela imagem de Santo Antônio que havia lá. Era um olhar muito vivo, e existe essa imagem até hoje. Penso que aquilo deve ter funcionado como uma certa identificação na minha cabeça, daquele franciscano e aquela imagem de Santo Antônio”.

O jovem Aury, então, ingressou na Escola Paroquial Santo André, no Seminário São Francisco, em Taquari (RS). Oito anos depois, começou o noviciado na localidade de Daltro Filho, na cidade de Imigrante. É lá que estuda Filosofia e, ao completar 18 anos, em 1952, inicia essa nova etapa na formação, ainda com a dor da perda da mãe, que falecera um ano antes. 

Também no Rio Grande do Sul, na cidade de Garibaldi, formou-se em Filosofia pelo Convento Boaventura em 1954.

Em Divinópolis (MG), em 1958, concluiu o curso de Teologia. Em agosto do mesmo ano, ordenou-se sacerdote pela Ordem Franciscana dos Frades Menores. Viajou a Roma, onde, em 1962, obteve o título de Doutor em Filosofia. Quando retornou ao Brasil, assumiu e ensinou Filosofia na Paróquia do Distrito de Daltro Filho, no município de Garibaldi (RS).

 “Eu me doutorei em Filosofia no Antoniano (Universidade Antoniana de Roma), minha tese foi sobre Blondel (Maurice Blondel ), e voltei em dezembro de 1962, com 28 anos. Isso tudo quando o Concílio já havia começado”, comentou na entrevista ao IHU. 

Publicado originalmente no O São Paulo (Com informações de CPDOC FGV e IHU-Unisinos)

Papa Francisco escreve telegrama de pesar pela morte do Cardeal Hummes

VEJA A SEGUIR A BIOGRAFIA DE DOM CLÁUDIO HUMMES, OFM

08/08/1934 – Aury Afonso Hummes (Dom Cláudio) nasce em Montenegro (RS), filho de Pedro Adão Hummes e Maria Frank Hummes, ambos imigrantes alemães. Fez seus primeiros estudos na Escola Paroquial Santo André, no Seminário Seráfico São Francisco, em Taquari (RS).

01/02/1952 – Ingressa na Ordem dos Frades Menores (franciscanos).

02/02/1953 – Faz os primeiros votos na congregação.

02/02/1956 – Professa solenemente os votos perpétuos

03/08/1958 – É ordenado padre em Divinópolis (MG), por Dom João Resende Costa, então arcebispo de Belo Horizonte (MG).

1962 – Após um período de estudos em Roma, obtém o título de Doutor em Filosofia.

1965 a 1968 – Assessora a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em ecumenismo, especializando-se nessa área no Institut Écuménique de Bossey, em Genebra, na Suíça.

1969 – Passou a lecionar na Faculdade de Filosofia de Viamão (RS), de que também foi diretor, e na Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre.

1972 – É nomeado superior provincial dos franciscanos do Rio Grande do Sul, e nessa condição presidiu a União das Conferências Latino-Americanas dos Franciscanos de 1973 a 1974.

22/03/1975 – É nomeado por São Paulo VI como bispo coadjutor de Santo André (SP).

25/05/1975 – É ordenado bispo em Porto Alegre (RS), por Dom Aloísio Lorscheider, então arcebispo de Fortaleza (CE),

29/12/1975 – É empossado bispo da Diocese Santo André (SP).

1976 a 1998 – Atua como membro da Comissão Episcopal da Pastoral da CNBB para o Ecumenismo.

1979 a 1990 – Atua como assistente nacional da Pastoral Operária.

1979 a 1983 – Atua como membro da Comissão Episcopal de Pastoral (CEP) da CNBB para os Leigos, Família, Pastoral Urbana e Operária.

1980 – É eleito delegado ao Sínodo dos Bispos sobre a Família.

1995 a 1998 – Responsável pelos setores Família e Cultura da CNBB.

21/07/1996 – É nomeado Arcebispo de Fortaleza (CE)

1997 – É eleito à Assembleia especial do Sínodo dos Bispos e confirmado por São João Paulo II

1997 – Atua na linha de frente da realização do II Encontro Mundial das Famílias, no Rio de Janeiro (RJ), do qual participou São João Paulo II.

15/04/1998 – É nomeado por São João Paulo II como Arcebispo de São Paulo.

23/05/1998 – É empossado como o 6º arcebispo de São Paulo.

21/02/2001 – É nomeado cardeal por São João Paulo II.

19/04/2005 – É um dos cardeais eleitores no conclave em que o Cardeal Ratzinger foi eleito papa, Bento XVI.

31/10/2006 – É nomeado prefeito da Congregação para o Clero, na Cúria Romana.

26/11/2006 – Despede-se da Arquidiocese de São Paulo.

07/10/2010 – O Papa Bento XVI aceito o pedido de renúncia de Dom Cláudio como Prefeito da Congregação para o clero.

18/04/2011 – Passa a exercer a função de vigário-geral da Arquidiocese de São Paulo, acompanhando as coordenações pastorais do Mundo do Trabalho, Movimentos Eclesiais e Novas Comunidade em âmbito arquidiocesano.

13/03/2013 – É um dos cardeais eleitores no conclave em que o Cardeal Mario Jorge Begoglio foi eleito papa, Francisco, sendo um dos cardeais ao lado do Pontífice quando este é apresentado aos fiéis na Praça de São Pedro.

2015 – Torna-se presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam).

2019 – Participa da Assembleia do Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia, como um dos relatores do evento convocado pelo Papa Francisco.

2020 (novembro) – Renuncia à presidência da Repam.

2021 – Torna-se o 1o presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (Ceama).

2022 (março) – Renuncia à Presidência da Ceama.

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